sábado, 1 de dezembro de 2012

ANOTAÇÕES SOBRE RAÇA, E GRUPO ÉTNICO (ETNIA)


 Resumo elaborado pelo Prof. Antônio Eustáquio de Moura/UNEMAT, campus de Cáceres em novembro 2012

1 – Conceitos

1.1 - Raça

Raça [...] são agrupamentos naturais de homens, que apresentam um conjunto de caracteres físicos hereditários comuns, quaisquer que sejam suas línguas, costumes e nacionalidade (VALLOIS apud MARCONI;PRESOTTO, 1989, p.83

 Raça como conceito biológico se refere a um numero de pessoas que possuem características herdadas comuns [em comum]

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RAÇA

 Hipótese de Como nos tornamos diferentes?             (Supermundo, 2011)

Ao contrário dos chimpanzés e demais primatas, o homem não possui cabelo por todo o corpo. A adaptação provavelmente surgiu por volta de 1,6 milhões de anos atrás para esfriar o corpo de alguns dos nossos primeiros ancestrais, que começavam a se tornar mais ativos e fazer longas caminhadas.

Uma mudança levou a outra: células que produziam melanina, antes restritas a algumas partes descobertas, se espalharam por toda a epiderme. Além de tornar a pele escura, a melanina absorve os raios ultravioletas do Sol e faz com que percam energia.

Os cientistas acreditavam que esse traço havia evoluído para evitar cânceres de pele, mas a teoria esbarrava no fato de que esse mal costuma surgir em idade avançada, depois que as pessoas já tiveram filhos, e, portanto dificilmente alteraria a evolução.

  Até que, em 1991, Nina Joblonski encontrou estudos que mostravam que pessoas de pele clara expostas à forte luz solar tinham níveis muito baixos de folato.

A deficiência dessa substância em mulheres grávidas pode levar a graves problemas de coluna em seus filhos. Além disso, o folato é essencial em atividades que envolvam a proliferação rápida de células, como a produção de espermatozóides.

Nos ambientes próximos à linha do Equador, a pele negra era uma boa forma de manter o nível de folato no corpo, diz a antropóloga.


Enquanto os humanos modernos estavam restritos à África, a melanina funcionava bem para todos. Eles eram um grupo bastante homogêneo, porque, por motivos desconhecidos, os primeiros humanos estiveram perto da extinção há cerca de 200 mil anos, com talvez não mais de 20 mil pessoas.

Posteriormente, a descoberta de novas ferramentas e o crescimento da população tornou a África pequena demais para eles e, cerca de 100 mil anos atrás, os homens modernos chegaram à Ásia. De lá se espalharam para a Oceania, depois para a Europa e, há pelo menos 15 mil anos, à América.

 
Mudanças que ocorreram com os seres humanos                        (Supermundo, 2011)

Nas regiões menos ensolaradas, a pele negra começou a bloquear demais os raios ultravioletas. Esse tipo de radiação é nocivo em quase todos os aspectos, mas tem um papel essencial no organismo: iniciar a formação na pele de vitamina D, necessária para o desenvolvimento do esqueleto e a manutenção do sistema imunológico.

A tendência então foi que populações que migraram para regiões menos ensolaradas desenvolvessem pele mais clara para aumentar a absorção de raios ultravioleta.

Em regiões intermediárias, o truque evolutivo foi o bronzeamento uma camada temporária de melanina para proteger o folato em épocas de sol e produzir vitamina D quando ele não fosse tão forte. Ou seja, de acordo com os novos estudos, a cor da pele é apenas uma forma de regular nutrientes.

Adaptações ao clima afetam primordialmente características superficiais. A interface entre o interior e o exterior tem papel fundamental na troca de calor de dentro para fora, e vice-versa, afirma o geneticista italiano Luigi Luca Cavalli-Sforza, um dos pioneiros no estudo de genética de populações, em seu livro Genes, Povos e Línguas.

Ao se espalhar pelo mundo, os seres humanos tiveram que lidar com todo tipo de ambiente e o principal elemento a se adaptar aos extremos de temperatura, umidade, iluminação e ventos do planeta foi a aparência.

 Exemplos de mudanças ocorridas no corpo dos seres humanos

 Um exemplo é o tamanho do corpo: em regiões quentes é vantajoso ser baixo como os pigmeus ou alongado como os quenianos, com a superfície do corpo grande, quando comparada ao volume, o que facilita a evaporação do suor. O cabelo encarapinhado ajuda a reter o suor no couro cabeludo e a resfriá-lo. O oposto ocorre em regiões frias como a Sibéria.

O corpo e a cabeça dos mongóis, que se desenvolveram por lá, tendem a ser arredondados para guardar calor, o nariz, pequeno para não congelar, com narinas estreitas para aquecer o ar que chega aos pulmões, e os olhos, alongados e protegidos do vento por dobras de pele.

A origem de muitas características, no entanto, permanece desconhecida. Muitas delas podem ter surgido por serem consideradas belas ou simplesmente por acaso.                    (Supermundo, 2011)
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“Raças” de seres humanos                     

Um fato amplamente aceito é que todos os seres humanos pertencem ao mesmo gênero ,Homo, e a mesma espécie , sapiens.

Raça [...] são agrupamentos naturais de homens, que apresentam um conjunto de caracteres fisicos hereditários comuns, quaisquer que sejam suas línguas, costumes e nacionalidade (VALLOIS, apud MARCONI;PRESOTTO, 1989, p.83

Existem varias tentativas de classificarem os seres humanos em raças.   (MARCONI;PRESOTTO, 1989, p.81)

Linneu,naturalista sueco, em 1758, classificou os seres humanos em quatro grupos.

            - o homem europeu

            - o homem americano

            - o homem asiático

            - o homem africano

Esta classificação levou em conta aspectos físicos e sociais

Em algumas classificações os seres humanos são divididos em stocks ou subespécies. (MARCONI;PRESOTTO, 1989, p.83)

Os antropólogos aceitam [existem questionamentos] a classificação das raças principais em:      (MARCONI;PRESOTTO, 1989, p.83)

                        - caucasóide (branca)

                        - mongolóide (asiática)

                        - negróide ( africana)

As divergências surgem quando se referem às raças secundárias ou sub-raças.

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Existem diversas outras classificações das “raças humanas”            (Raças Humanas In Wikipédia. Acesso em Nov. 2011)

A titulo de exemplo: apresentamos a de N. Tcheboquessarov , que é mais detalhada do que a elaborada por Lineu e envolve aspectos físicos e geográficos para classificar os seres humanos

Os grupos humanos possuem uma classificação proposta por N. Tcheboquessarov como:

  • afro-aceânica ou negróide;
  • euro-asiática ou europóide;
  • asiático-americana ou mongolóde.

A Raça Negróide                              (Raças Humanas In Wikipédia. Acesso em Nov. 2011)

Suas características são: pele escura, cabelos e olhos escuros, cabelo crespo, sistema piloso do rosto e corpo pouco desenvolvido, largura da face pequena, nariz achatado e de abas largas, lábios grossos.

O núcleo principal dessa raça situa-se no continente africano, por isso, é chamado de “Continente Negro”. O ramo ocidental da grande raça equatorial é constituído pela negróide ou africano.

As características dos negróides africanos:

  • cara pequena, um tanto quanto achatada;
  • testa alta e reta;
  • olhos grandes, cor castanha escura;
  • nariz chato;
  • lábios grossos;
  • estatura variada;
  • membros inferiores longos.

Dentro dessa raça encontramos tipos que possuem uma distinção dos negros sudaneses em relação as características: uns com a pele mais clara, outros com nariz mais afilado, outros com lábios de grossura média, outros de baixa estatura. Os negros do alto Nilo são os mais altos do mundo, porque possuem uma estatura de 180 cm.

O ramo oriental da grande raça equatorial é constituída pela raça austrolóide, também chamada oceânica. Os das Ilhas Salomão assemelham-se tanto aos negros africanos que os antropólogos não distinguem uns dos outros.

As características da maioria dos australianos são:

pele pardo-escura;
  • cabelo preto ondulado;
  • sistema piloso corporal desenvolvido;
  • cara estreita e baixa;
  • olhos de cor castanho-escuro;
  • nariz grande;
  • lábios grossos;
  • cabeça alongada;
  • estatura superior à média e, mesmo, alta.

Os australianos não constituem um grupo racial isolado, apesar de que na escala da evolução, alguns cientistas reacionários colocam os australianos muito baixo, e isso não tem lógica, uma vez que eles são uma raça moderna e desenvolvida quanto as outras mais.


A Raça Europóide
                                      (Raças Humanas In Wikipédia. Acesso em Nov. 2011)

Essa raça é muito numerosa, constitui 50% da humanidade. O núcleo principal da raça, branca encontra-se no Velho Mundo: Europa, Ásia e no norte da África.

Características da raça europóide:

  • pele entre clara e quase chocolate, com uma coloração rosada nas faces;
  • cabelo mole, ondulado ou liso com várias colorações desde louro ao negro;
  •  testa reta;
  • face ortognata;
  • olhos horizontais, castanhos ou claros;
  • nariz afilado;
  • lábios delgados;
  • queixo mediano;
  • forma da cabeça muito variada: braquicéfalo, mesocéfalo e dolicocéfalo.

A raça europóide divide-se em duas raças: meridional ou indo-mediterrânea e a setentrional ou atlanto-báltica.

A raça meridional é de pele, cabelos e olhos escuros,

A raça setentrional a pele, cabelos e olhos são mais claros.

Os que representam a raça meridional ou indo-mediterrâneo são: indus, tadjiques, armênios, gregos, árabes, italianos e espanhóis,

Suas características são: cabelo negro ondulado, olhos castanhos, nariz de dorso encurvado, rosto estreito e cabeça de forma dolicocéfala ou mesocéfala.

A raça setentrional ou atlanto-báltico são representadas pelos russos, bielo-russos, poloneses, noruegueses, alemães, ingleses e povos que vivem mais para o norte

Suas características são: pele clara, cabelos loiros ou ruivos, olhos cinzentos ou azuis, nariz comprido e estatura elevada.


A Raça Mongolóide                                     (
Raças Humanas In Wikipédia. Acesso em Nov. 2011)

A raça mongolóide compreende cerca de 40% da população terrestre e a metade é chinesa.

Habitam na Ásia, nas regiões setentrionais, orientais, centrais e sul-orientais, e estende-se pela Oceania e Continente Americano.

Muitos de seu grupo formam parte da população das regiões asiáticas da URSS: iacutos, buriatos, tunguses, tchuquetches, tuvinos, altaios, ilacos, aleutas, esquimós asiáticos.

Características dessa raça amarela são: pele clara ou bronzeada, cabelos duros, lisos e pretos, sistema piloso corporal pouco desenvolvido.

Os mongolóides setentrionais possuem as características: rosto grande, olhos castanhos, nariz de largura mediana. Lábios delgados, queixos mediano, e na maioria dos casos cabeça mesocéfala.

A raça mongolóide divide-se em três raças:                                     (Raças Humanas In Wikipédia. Acesso em Nov. 2011)

  • setentrional ou asiático-continental = também chamados de centro-asiáticos, são conhecidos os buriatos e os mongóis. São típicos por terem a cor da pele, cabelos e dos olhos mais clara, os cabelos menos duros, lábios delgados e rosto grande e chato.
  • meridional ou asiático-pacífico = são seus representantes os malaios, javaneses e habitantes das Ilhas de Sonda. Suas características são: pele bronzeada, rosto estreito e baixo, lábios grossos, nariz largo, cabelo às vezes, ondulado, estatura inferior à dos setentrionais e menor do que a dos chineses.
  • americano (índios) = suas características são: cabelo reto e rígido e de cor negra ; sistema piloso corporal pouco desenvolvido, pele com coloração amarelo-parda, olhos castanho-escuro e rosto largo.

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 Relação entre “Raças humanas” e comportamento, cultura dos seres humanos

A interpretação racial da variação social e cultural assevera que essas características biológicas explicam o nível e a natureza de uma cultura particular, a forma de governo ou a freqüência de vários padrões de comportamento.  (CHINOY, 1973, p.100)

A tentativa de ligar as diferenças biológicas à variações sociais e culturais ocorreu no século XIX, através das obras do conde Arthur de Gobineau, aristocrata francês e seu adepto Houston Stewart Chamberlain.  

De acordo com tais teorias, a civilização européia era superior à do resto do mundo por causada superioridade inata do homem branco       (CHINOY, 1973, p.100)

Provas contra a existência de “raças de seres humanos” (contra o conceito biológico de raças)        (CHINOY, 1973, p.101)

1 – Os traços biológicos empregados na identificação das raças variam amplamente, não só dentro dos grupos, como também entre eles

2 – Em cada traço empregado para a classificação racial as medias diferem, mas os extremos se sobrepõem

3 – Os traços utilizados para a classificação de uma raça nem sempre abrangem a maioria das pessoas incluídas como sendo da referida raça.  Exemplo – Em um estudo realizado na Suécia apenas 11% estavam de acordo com o tipo nórdico “puro”, alto, de olhos azuis, loiros, de cabeça alongada, embora os suecos sejam considerados uma das mais nórdicas entre as populações européias.

4 – A história humana está cheia de misturas raciais e as atuais categorias raciais incluem muitos indivíduos não racialmente “puros”               

Os dados antropológicos, sociológicos e históricos proporcionam um testemunho esmagador de que se encontram culturas semelhantes entre pessoas com características físicas muito diferentes entre pessoas com características físicas muito diferentes, e que a cultura e a organização social podem mudar rapidamente, e que a cultura e a organização social podem mudar rapidamente sem qualquer mudança correspondente de identidade racial.   (CHINOY, 1973, p.102)


Critica ao conceito de “raças humanas” feito por Ernest Renan                  (Raça In Wikipédia. Acesso em Nov. 2011)

A verdade é que não há uma raça pura e que apoiar a política na análise etnográfica é fazer dela uma quimera. Os mais nobres países, a Inglaterra, a França, a Itália, são aqueles com mais mistura de sangue. A Alemanha faria a esse respeito uma exceção? Seria ela um país germânico puro? Que ilusão! Todo o sul foi gaulês. Todo o leste, a partir do Elba, é eslavo. E as partes que se pretendem realmente puras o seriam realmente? Tocamos aqui em problemas sobre os quais é mais importante se ter as idéias claras e prevenir os mal entendidos.

Conceito de Raça utilizado na Sociedade (como referencia utilizada nas relações sociais)

Os dados antropológicos, sociológicos e históricos proporcionam um testemunho esmagador de que se encontram culturas semelhantes entre pessoas com características físicas muito diferentes entre pessoas com características físicas muito diferentes, e que a cultura e a organização social podem mudar rapidamente, e que a cultura e a organização social podem mudar rapidamente sem qualquer mudança correspondente de identidade racial.   (CHINOY,1973, p.102)

As características raciais não determinam as características culturais e sociais de uma população, mas não podem ser totalmente excluídas da analise sociológica [antropológica].                                   (CHINOY,1973, p.102)

Proporcionam algumas “pistas” biológicas de que uma cultura se apodera e usa.

Os seres humanos revelam atitudes e sentimentos em relação às características raciais das outras pessoas, estabelecendo suas relações baseados em diferenças raciais.   Justificam tal comportamento com teorias complexas de raças, ou com citações bíblicas para provar que Deus pretendia que pretos e brancos vivessem separados.                     

O autor faz uma observação de que não somente as características raciais, mas também outros traços físicos chegam a ter, freqüentemente, significação social.       (CHINOY,1973, p 102 – 103)

A aparência física, portanto, torna-se elemento cuja significação sociológica [antropológica] depende dos sentimentos e valores que lhe são atribuídos

A analise sociológica [antropológica] de idéias raciais difere da analise biológica das características raciais.

Os sociólogos [antropólogos] interessam-se pelas opiniões e atitudes das pessoas em relação à raça e a grupos raciais [e étnicos] específicos e pela maneira por que elas influem no comportamento e na estrutura social. (CHINOY,1973, p. 103)

[Raça no social]                                                                  

Qualquer que seja a conclusão a que os médicos e biólogos cheguem, as raças vão continuar existindo para quem estuda as ciências humanas.

Os brasileiros acreditam em raças e agem de acordo com elas. Então elas existem, afirma o sociólogo Antonio Sérgio Alfredo Guimarães, da USP.

Elas são uma categoria de exclusão e dominação que traz problemas na realidade. Mesmo que não existam biologicamente, elas criam vítimas, diz o antropólogo Kabengele Munanga, também da USP. Ou seja, ao menos na cabeça das pessoas, as raças são bem reais.

Racismo, preconceito, discriminação racial

A Europa, e o ocidente em geral, conheceu duas utilizações políticas do conceito de "raça" que hoje em dia são particularmente rechaçadas:                          (Raças Humanas In Wikipédia. Acesso em Nov. 2011)

·         a categorização seguida da hierarquização dos grupos humanos serviu de justificativa aos colonizadores europeus para a anexação de novas terras (noção de "raças inferiores"). A experiência de seu encontro com as culturas autóctones era relatada à metropole de forma particularmente parcial: as terras colonizadas eram vistas como repletas de selvagens incultos, inferiores de todos os pontos de vista em relação ao colonizador que, bom e generoso que era, se dedicava em lhes trazer as luzes e benesses da civilização. Essas histórias alimentaram as teorias racistas e justificaram as discriminações de que eram vítimas os povos colonizados. Trata-se do racismo colonial.

·         a noção de "degeneração da raça" foi particularmente usada no discurso eugenista, inicialmente desenvolvido por Francis Galton e levado também para a França por Georges Vacher de Lapouge.


Depois do Nazismo, a UNESCO publicou um estudo intitulado The Race Question reunindo grande número de estudiosos e pensadores, que refuta a noção de raça humana por que ela perdeu qualquer interesse científico ou validade antropológica. Claude Lévi-Strauss participaria deste estudo.                 (Raças Humanas In Wikipédia. Acesso em Nov. 2011)

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Racismo

Dados do livro “Superando o racismo na escola” de Kabengele Munanga

Racismo

“[...] a teoria ou idéia que existe uma relação de causa e efeito entre as características físicas herdadas por uma pessoa e certos traços de sua personalidade, inteligência ou cultura. E, somados a isso, a noção de que certas raças são naturalmente inferiores ou superiores a outras” (BEATO apud SANT’ANA, In: MUNANGA, 2001, p.53)

“Racismo é a suposição de que há raças e, em seguida, a caracterização bio-genética de fenômenos puramente sociais e culturais. É também uma modalidade de dominação ou, antes, uma maneira de justificar a dominação de um grupo sobre outro, inspiradas nas diferenças fenotípicas de nossa espécie” (SANTOS apud SANT’ANA, In: MUNANGA, 2001, p.53)

“È uma ideologia que postula a existência de hierarquia entre grupos humanos”

Discriminação racial “[...] significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferências baseadas em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica, que tenha como objeto ou efeito anular ou restringir o reconhecimento, o gozo ou exercício, em condições de igualdade, dos direitos humanos e liberdades fundamentais no domínio político, social ou cultural, ou em qualquer domínio da vida publica” (ONU apud SANT’ANA, In: MUNANGA, 2001, p.56)

 
Preconceito

“Preconceito é uma opinião preestabelecida, que é imposta pelo meio, época e educação. Ele regula as relações de uma pessoa com a sociedade.  Ao regular ele permeia toda a sociedade, tornando-a uma espécie de regulador de todas as relações humanas.  “Ele pode ser definido, também, como uma indisposição, um julgamento prévio, negativo, que se faz de pessoas estigmatizadas por estereótipos” (SANT’ANA, In: MUNANGA,  2001, p.54)

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Porque o termo Etnia (grupo étnico) é mais adequado do que o conceito de Raça 

Os etnólogos estimam que, postas de lado as supostas diferenças genéticas e fenotípicas, as populações humanas são principalmente diferenciadas pelos seus usos e costumes, que são transmitidos de geração em geração. A espécie humana se caracteriza então por uma forte dimensão cultural. É por isso que o conceito de etnia é hoje em dia preferido ao conceito de raça em etnologia. As diferenças culturais permitem definir um grande número de etnias.   (Raças Humanas In Wikipédia. Acesso em Nov. 2011)

 Grupo Étnico (ETNIA)

Dicionário de Relações Étnicas e Raciais Ellis Cashmore

“[...] descreve um grupo possuidor de algum grau de coerência e solidariedade, composto por pessoas conscientes, ao menos em forma latente, de terem origens e interesses comuns”

(CASHMORE, 2000,p.196)

“[...] um grupo étnico não é um mero agrupamento de pessoas ou de um setor da população, mas um agregado consciente de pessoas unidas ou proximamente relacionadas por experiências compartilhadas”   p. 196

1) a privação material é a condição mais fértil para o crescimento da etnia;

2) o “grupo étnico” não tem de ser uma “raça” no sentido de ser visto pelos outros como algo inferior, apesar de haver uma forte superposição desses dois conceitos, e muito freqüentemente designados por outros como uma “raça”;

3) a etnia pode ser usada para vários propósitos diferentes – algumas vezes, como um manifesto, um instrumento político, outras, como simples estratégia de defesa diante da adversidade;

4) a etnia pode vir a ser uma linha divisória cada vez mais importante na sociedade, embora, nunca esteja inteiramente desconectada dos fatores de classe. (CASHMORE, 2000,p.202 -203).

Grupo Étnico – conceito e características

De acordo com Weber Grupos étnicos são grupos que alimentam uma crença subjetiva em uma comunidade de origem fundada nas semelhanças de aparência externa ou dos costumes, ou dos dois, ou nas lembranças da colonização ou da migração,nutrem uma crença subjetiva na procedencia comum de tal modo que ela se torna importante para propagação  de relações comunitárias  pouco importando que uma comunidade de sangue exista ou não objetivamente (2000,p.270).

Ponderações de Weber

- um grupo étnico não é necessariamente homogêneo, em um mesmo grupo étnico podem existir grandes diferenças na aparência física, e diferenças culturais

- os grupos étnicos não pressupõem uma real atividade comunitária

[As pessoas de um grupo] depois de se conscientizarem de suas dificuldades comuns, a resposta desses povos pode ser a geração de estabilidade, apoio e conforto para aqueles que passam por experiências semelhantes. “Ao enfatizar as características de suas vidas, passadas ou presentes, eles compartilham, definem limites dentro dos quais podem desenvolver seus próprios costumes, crenças, e instituições – em resumo, sua própria cultura.” p.197

O grupo étnico é um fenômeno cultural, mesmo sendo baseado originalmente numa percepção comum e numa experiência de circunstâncias materiais desfavoráveis.

Raça X Grupo étnico (etnia)

Existe uma relação entre um grupo considerado “raça” distinta pela população dominante e o grupo que se considera um povo unificado, que compartilha uma experiência comum.

O termo “raça” refere-se aos atributos dados [atributos transmitidos geneticamente] a um determinado grupo

O termo “grupo étnico” refere-se à uma resposta criativa de um povo que, de alguma maneira, se sente marginalizado pela sociedade

Em resumo:

(1) etnia é o termo usado para abranger vários tipos de resposta de diferentes grupos;

(2) o grupo étnico baseia-se nas apreensões subjetivas comuns, seja das de origens, interesses ou futuro (ou ainda uma combinação destes);

3) a privação material é a condição mais fértil para o crescimento da etnia;

4) o “grupo étnico” não tem de ser uma “raça” no sentido de ser visto pelos outros como algo inferior, apesar de haver uma forte superposição desses dois conceitos, e muito freqüentemente designados por outros como uma “raça”;

5) a etnia pode ser usada para vários propósitos diferentes – algumas vezes, como um manifesto, um instrumento político, outras, como simples estratégia de defesa diante da adversidade;

6) a etnia pode vir a ser uma linha divisória cada vez mais importante na sociedade, embora, nunca esteja inteiramente desconectada dos fatores de classe. 202 -203.

FONTES

CASHMORE, Ellis et. al. Dicionário de Relações Étnicas e Raciais. São Paulo:Summus, 2000.

 

CHINOY, Eli. Sociedade: uma introdução à sociologia. 3.ed. São Paulo: Cultrix,1973.

 

MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zélia Maria Neves. Antropologia: uma Introdução.  2.ed. São Paulo: Atlas, 1989. p. 81-85.

 

MUNANGA, Kabengele (Org.) Superando o Racismo na Escola. 3. ed. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Fundamental, 2001.

 

Wikipedia. Raças Humanas. Disponível em:< http://pt.wikipedia.org/wiki/Ra%C3%A7as_humanas >.Acesso em: 12 maio 2011.

 

Supermundo.Vencendo na Raça. Disponível em<http://super.abril.com.br/superarquivo/2003/conteudo_122787.shtml>. Acesso em:20 mar. 2011

 

WEBER, Max.   Economia e Sociedade. 4.ed. volume 1. Brasília: Editora da Universidade de Brasilia, 2000.