sábado, 24 de novembro de 2012

QUAIS TENSÕES, CONFLITOS E CONTRADIÇÕES ESTÃO PRESENTES NO CONTEXTO DA ESCOLA, RELATIVO À DIVERSIDADE CUITURAL E NO CURRICULO ESCOLAR?


UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

CAMPOS UNIVERSITARIO DE CÁCERES “JANE VANINI”

DEPARTAMENTO DE PEDAGOGIA

DISCIPLINA: PESQUISA E EDUCAÇÃO

7º SEMESTRE

DOCENTE: Dr. ELIZETH GONZAGA DOS SANTOS LIMA

 

 

 

 

 

 DISCENTES: Carla Fabiane Pantaleão

Gleice B. C. Poquiviqui

Icelli Rosa dos Santos

Regina da S. Carvalho

Rosana da Cruz Alves

Sandriele Ortega Dias

 

 

 

 

 

QUAIS TENSÕES, CONFLITOS E CONTRADIÇÕES ESTÃO PRESENTES NO CONTEXTO DA ESCOLA, RELATIVO À DIVERSIDADE CUITURAL E NO CURRICULO ESCOLAR?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                   Cáceres-MT/2012

INTRODUÇÃO

 

                                                                                           

            A pesquisa em educação deve partir do conhecimento cotidiano vivenciado pelo aluno, onde pode se desenvolver de maneira lógica racional, o pensamento reflexivo contribuindo para o desenvolvimento de sua razão para os fatos e a resolução dos problemas práticos. No entanto se torna necessário a busca de alternativas para que os professores formem adultos críticos e éticos capazes de respeitar e conviver com as diferenças existe em nossa sociedade. Porém se entendermos o espaço escolar como um espaço destinado a embates ou discussões, e se acreditarmos que o fazer pedagógico é uma ação de política cultural, podemos defender a idéia que a escola é uma local privilegiado para a ampliação das habilidades e capacidades humanas, de modo a contribuir para que os diferentes indivíduos que nela desempenham seus papéis sociais possam elaborar suas intervenções na formação de suas próprias cidadanias, trabalhar a diversidade é excessivamente importante para formação do caráter do ser humano.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DIVERSIDADE, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO.

 

 

            Estimular e compreender a diversidade presente em nossa sociedade é um grande desafio que se faz presente, principalmente na educação. Nesse contexto, nós educadores, temos a tarefa de mostrar no ambiente escolar as contribuições positivas que os alunos podem trazer, envolvendo toda a comunidade escolar e estimulando o debate para a construção de uma escola realmente para todos. Uma educação sem fronteiras e que trabalhe no sentido de entender as diferenças existentes, não é tarefa fácil, requer preparo por parte do professor, uma vez que para lidar com as adversidades é necessário compreender como elas se manifestam e em que contexto. Entretanto o professor que acolhe seus alunos, sendo um professor reflexivo que percebe e respeita as diferenças de cada um, constrói um ambiente de igualdade, sem fronteiras e propicia uma segurança que refletirá em um melhor e maior aprendizado.

            Ao questionar a educação e sua aplicabilidade, o papel do docente face às transformações sociais é principalmente a real necessidade da consciência do educador na sua ação docente. As diferenças oferecem uma grande oportunidade para o aprendizado, oferecendo recursos livres, abundantes e renováveis. A diversidade, em suas múltiplas formas, é celebrada em instituições de ensino com características inclusivas. As oportunidades de se capitalizar os benefícios da diversidade não devem somente ser focalizadas nos alunos. Por tanto a educação em direitos humanos é destinadas, a estarem presentes em todas as atividades humanas, no cotidiano de cada individuo, para informar a todos sobre seus direitos e responsabilidades, assim todos os ambientes sociais se tornam importantes a realização desse senso humanitário e as escolas têm grande parte, nessa prática.

            Assim a escola tem como função social, de disseminar e sistematizar, os conhecimentos historicamente, elaborados e compartilhados por uma determinada sociedade, neste sentido segundo a autora Silveira, afirmar que a educação comporta processos socializadores, de uma cultura em direitos humanos com a capacidade de formar os sujeitos na perspectiva de se tornarem agentes de defesa e de proteção dos direitos humanos.

            É preciso que se promova a ruptura do processo de reprodução das estruturas excludentes que nos cercam e, de certa forma, nos sufocam de preconceitos. Para reconhecer e assumir a diversidade há de se redimensionar o olhar, desalojando o instituído. Olhar a diferença no sentido de perceber que ela rotula, marca, discrimina, é tão importante quanto olhar para além da diferença, não permitindo que ela se coloque como poderosa força de exclusão não permitindo que o aluno conviva com o diferente, respeitando as diversidades existentes na escola, na sociedade, até mesmo no ambiente familiar.

            Que possamos fazer parte do grupo de pessoas preocupadas em combater a lógica da cultura do preconceito, que desejam a ruptura dos processos de reprodução ideológica, a desconstrução das verdades instituídas e o desafio de lutar por uma sociedade e uma escola melhor para todos. Para o trabalho ser bem sucedido, as diferenças devem ser reconhecidas como um recurso positivo, pois somente assim estaríamos requerendo a mudança dos paradigmas que ainda estão longe dessa percepção. O termo diversidade diz respeito à variedade e convivência de idéias, características ou elementos diferentes entre si, em determinado assunto, situação ou ambiente.

            A idéia de diversidade está ligada aos conceitos de pluralidade, multiplicidade, diferentes ângulos de visão ou de abordagem, heterogeneidade e variedade. E, muitas vezes, também, pode ser encontrada na comunhão de contrários, na intersecção de diferenças, ou ainda, na tolerância mútua. No campo do Pensamento humano, a diversidade filosófica e a diversidade de opiniões ou pontos de vista sobre certo assunto; no campo da Antropologia Cultural, a diversidade de hábitos, costumes, comportamentos, crenças e valores, e a aceitação da diferença no outro (chamada de alteridade).

            A religião é um assunto de extrema importância a ser trabalhado em sala de aula um campo amplo da diversidade. Nos últimos 200 anos, novos movimentos religiosos floresceram. Nunca houve tanta diversidade de correntes religiosas como agora. Em países que receberam múltiplas influências culturais, como o Brasil, é sempre difícil respeitar o que não conhecemos. E, quando tratamos do complexo mundo das crenças, experimentamos dificuldades de compreensão, entendimento e respeito às religiosidades alheias. Daí a importância do diálogo, pois é ele que nos permite a troca, o conhecimento e o reconhecimento das vivências religiosas dos outros.

É que, tanto no senso comum como em muitos circuitos intelectuais, essas religiões não desfrutam do mesmo status de outras – por exemplo, o catolicismo, cuja história tem sido fartamente registrada e, em muitos casos, divulgada nas escolas como parte dos currículos de algumas disciplinas oficiais ou como matéria principal do ensino religioso facultativo. (Ibidem)

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            Por outro lado, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) explicita que o ensino religioso nas escolas de Ensino Fundamental é parte integrante da formação básica do cidadão, tendo matrícula facultativa e devendo ser multiconfessional, o que significa que todas as religiões devem ter as mesmas oportunidades de estudo. O período em que as aulas devem ser ministradas não foi definido formalmente. O ideal é que elas aconteçam no turno inverso ao das aulas regulares.

            Entre os especialistas, esse tema gera um embate. Há os que defendem que os estabelecimentos públicos não podem servir de espaço para a pregação religiosa e os que argumentam que a escola tem a obrigação de oferecer tal ensino dentro da proposta curricular regular. Esse debate continua em curso e acaba potencializado pelas diferentes interpretações da lei. "Definições sobre a forma de financiamento, perfil dos professores, horário das aulas e conteúdo a ser trabalhado ficaram, sob responsabilidade dos sistemas de ensino, estaduais e municipais”, Segunda a autora Lúcia Lodi, do Ministério da Educação (MEC).  Explica que dessa forma, os profissionais da educação peçam informações para saber como organizar o ensino religioso em sua unidade, evitando ações sem respaldo legal. É importante, de qualquer maneira, refletir sobre seu papel na construção da espiritualidade dos estudantes. “Uma coisa é certa: o respeito mútuo, a não violência e a compreensão não têm relação direta com a religião”. São valores que podem ser ensinados independentemente de crenças.

            Ao questionar nas escolas temas sobre gênero e sexualidade o assunto é abordado de maneira cuidadosa pela questão de serem conteúdos amplos, muitos professores não se sentem preparados para relacionar esses temas em seus trabalhos docentes, principalmente quando se trata de alunos das series inicias (1° ao 5°) ano, na nossa observação nos constatamos que alguns profissionais de educação não se comprometem, ou não se sentem capazes ou à vontade para tratá-lo de forma adequada e aberta com seus alunos.

            A escola tem como responsabilidade prezar pela saúde de seus alunos e, sobretudo, formar cidadãos conscientes, críticos e responsáveis, tanto em uma dimensão individual quanto social. A educação sexual, no meio escolar, é um componente primordial para a construção desse cidadão, bem como na prevenção de agravos à saúde e à integridade física e mental dos estudantes, desconstruindo mitos, tabus e preconceitos. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), visando uma educação voltada para a construção da cidadania, propõem, em forma de temas transversais, a inclusão da orientação sexual no currículo escolar. Neles, a sexualidade é considerada como algo inerente à vida e à saúde, e deve ser entendida como um processo de intervenção pedagógica, que tem como objetivo transmitir informações e problematizar questões a ela relacionadas, crenças posturas, tabus e valores.

            O educador, atento às manifestações anteriormente citadas, pode, ainda, ajudar a criança e o adolescente a se prevenirem ou se libertarem de uma situação de violência ou de abuso sexual. Pois certas atitudes do estudante são como um grito de socorro, que grande parte os educadores não consegue ouvir, devido aos preconceitos e à ignorância diante de determinados comportamentos relacionados à gênero  e sexualidade.

            Portanto, se os gestores, em todas as instâncias, assumissem o compromisso de fortalecer a implantação dos projetos preconizados pelas políticas públicas em educação e saúde, haveria a garantia de uma educação libertadora baseada na cidadania, na democracia, na igualdade e na justiça social. Os educadores não deveriam, porém, esperar as condições ideais de trabalho para impulsionar as transformações na abordagem integral do educando e a escola deve buscar meios de desenvolver com êxito o seu importante papel na formação do estudante.

                A questão racial é conteúdo obrigatório no currículo escolar. A Lei 10.639, de 2003, decretou a inclusão do ensino da História e da cultura afro-brasileiras no Ensino Fundamental e Médio. E a lei passou a valer para todos os níveis da Educação Básica com a instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais. Nos como educadoras devemos ter como principal o objetivo de não, desprezar um determinado tipo de cultura ou dizer que uma é melhor do que outra. "Cabe à escola dar oportunidade para todos conhecerem a cultura afro e entenderem que ela faz parte da cultura brasileira",

             A escola é hoje um local ideal para promovermos um encontro de direitos, como de pais, alunos, professores, servidores, gestores e colaboradores da comunidade. É um ponto ideal para um estágio de sociabilidade. E isto pode definir como encontro de diversidades. De acordo com Santos (2005, p. 14), “A discriminação racial se reproduz em vários contextos sociais das relações entre negros e brancos”. Nesse contexto a escola não se encontra isenta dessas reproduções. Muito embora ela não Seja meramente reprodutora de tais relações, acaba por refletir as tramas sociais existentes no espaço macro da sociedade.

Conhecimentos e habilidades: compreender os direitos humanos e os mecanismos existentes para sua proteção, assim como incentivar o exercício de habilidades na vida cotidiana; valores, atitudes e comportamentos: desenvolver valores e fortalecer atitudes e comportamentos que respeitem os direitos humanos; ações: desencadear atividades para formação, defesa e reparação das violações aos direitos humanos. (PNEDH, 2007, p.23)

 

            Neste sentido as constantes situações de discriminação e preconceito constatadas no dia a dia provocam em nós inquietações e mostram a necessidade de buscar explicações. Não é fácil encontrar respostas claras e diretas para entender essas situações, devido à complexidade que envolve este tema, mas elas podem fornecer pistas e entendimentos que ajudarão a melhorar o trabalho no cotidiano escolar. Onde o papel do professor e da família é desenvolver metodologias, participativas e de construção coletiva, assim fortalecendo as praticas individuais e coletivas que gerem ações e proteção da defesa dos direitos, humanos, articulando-se no contexto escolar, para promover uma formação de uma consciência cidadã, capaz de se fazer presente nos níveis cognitivos, social, ético e político.

 

 

 

ENTERVISTA COM PROFESSORES DO 1° AO 5ºANO SOBRE DIVERSIDADE NA ESCOLA

Metodologia:

            Os critérios metodológicos da pesquisa foram observações e entrevista estruturadas em questões abaixo elencadas dirigidas aos professores do ensino fundamental do 1º ao 5º durante o período de estágio em duas escolas, sendo uma estadual e a outra municipal. Como eixo da entrevista:

 Como é que os professores estão trabalhando a diversidade cultural no currículo escolar relacionado à:

 

         Livros Didáticos;

         Orientações sobre Sexualidade;

         Gênero;

         Afro Brasileiro;

         Indígenas;

         Religiosidade.           

 

1° Entrevistado- São poucos os livros que vem relacinando a questão da diversidade, quando se trata da sexualidade, é complicado, pois os alunos interpretam de outra maneira. A religião esta sendo inserida, ainda somente ataves do dialogo (cristã e não cristã). Quanto questão racial existem conflitos entre os alunos, mas eu como educador procuro amenisar, no entanto não foi trabalhado, nenhum tipo de filme relacionado a questão racial.

 

2º Entrevistada- Pouco se trabalha a questão da sexualidade e diversidade, pois são temas delicados que exigem cuidado ao serem inseridos nas aulas, ainda mais se tratando de crianças de series iniciais. Já quando se trata de religião e questão racial existe aulas de ensino religioso, que abordam alguns temas sobre religião mas é bem superficial, já sobre racismo tem as aulas de historias, os livros didaticos, mas não entram a fundo nesse assunto, a questão de genero se trabalha mais com a individualidade meninas para um lado e meninos para outro, cada qual no seu espaço.

 

3° Entrevistada- Uso coleção, mas no momento não me lembro do nome da coleção, a sexualidade quando percebida tenta esclarecer de maneira sútil ou de forma bem sucinta não falando abertamente para não provocar espantos, no gênero conto histórinhas retratando que meninos devem embelezar as meninas, porque elas são as flores do jardim e os meninos são inteligentes, e são as crianças que se separam na sala, quanto a questão étnica racial trabalho normal como se todos fossem iguais, a sala não demonstra discriminação, a religiosidade não olho isso, mas dou vital importância para o relacionamento entre eles.

 

4° Entrevistada- Sexualidade: é trabalhado o respeito, responsabilidade e os cuidados com o corpo.

Gênero: fala apenas a questão da separação do banheiro, e que um deve respeitar o espaço do outro.

Afro brasileiro: é trabalhado mostrando que somos todos iguais índios, afro-decendentes, brancos e pardos.

Religião: fala de todas as religiões cristãs, não fala da religião não cristã

 

5° Entrevistada- Trabalho muito poucpo poís os livros não contém muita coisa sobre a diversidade. A respeito da sexualidade somente entre conversa.

Gênero: trabalho com eles de forma de filas meninos de um lado e meninas do outro racial: conteúdo oral, exemplo: não chamaros colegas por apelidos.

Religiosidade: trabalho muito pouco não dou muito importância sobre esta questão

 

6° Entrevistada Relatou que não trabalha muito sobre a sexualidade, e quando aborda sempre é muito rápido, pois ela considera esse um assunto difícil de ser trabalhado com crianças menores. Em relação à religião, ela considera esse um assunto de extrema importância, tanto para os alunos como para os professores, ela geralmente trabalha esse tema através de diálogo com os alunos, e às vezes ela leva vídeos locados sobre o tema. A cultura afro-brasileira é trabalhada através de leitura de livros didáticos e logo após acontece uma roda de conversa.

            Após nossas observações e entrvistas analisamos que, a diversidade pode ser trabalhada tanto em artes como na literatura, ou em qualquer outra disciplina.

            É preciso haver políticas publicas que promovam a qualificação de forma a garantir que tais temas sejam trabalhados com segurança e seriedade nas escolas, não adianta estar no currículo e na pratica haver tanta insegurança no por parte dos docentes, em suma acreditamos haver despreparo, não por culpa dos profissionais, e sim pela falta de discussões para capacitar esses professores.

            Contudo concluímos que a educação, como mecanismo de transmissão e reprodução do conhecimento tem um papel fundamental na socialização de práticas e informação sobre as questões tratadas pelos temas da diversidade cujo eixo fundador baseia-se na garantia dos direitos fundamentais e na dignidade humana, condições essenciais para o enfrentamento as desigualdades. A educação como um direito fundamental, precisa ser garantido a todos e todas sem qualquer distinção, promovendo a cidadania, a igualdade de direitos e o respeito à diversidade sociocultural, étnico-racial, etária e geracional, de gênero e orientação afetivo sexual. Devemos respeitar e valorizar a diversidade dos alunos, exigindo assim, que a escola crie espaços inclusivos.

            Dessa forma, inclusão significa que não é o aluno que se molda ou se adapta à escola, mas a escola consciente de sua função que se coloca a disposição do aluno. As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas dificuldades de seus alunos, acomodando os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade para todos mediante ao currículo. Apropriando modificações organizacionais, estratégias de ensino, recursos e parcerias com a comunidade. A inclusão, na perspectiva de um ensino de qualidade para todos, exige da escola novos posicionamentos que implicam num esforço de atualização e reestruturação das condições atuais, para que o ensino se modernize e para que os professores aperfeiçoem-se, adequando as ações pedagógicas à diversidade dos aprendizes.

            Deste modo, pode-se dizer que a escola inclusiva é aquela que acomoda todos os seus alunos independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais ou linguísticas. Seu principal desafio é desenvolver uma pedagogia centrada no aluno, e que seja capaz de educar e incluir além dos alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, aqueles que apresentam dificuldades temporárias ou permanentes na escola, os que estejam repetindo anos escolares, os que sejam forçados a trabalhar, os que vivem nas ruas, os que vivem em extrema pobreza, os que são vítimas de abusos e até mesmo os que apresentam altas habilidades como a superdotação, uma vez que a inclusão não se aplica apenas aos alunos que apresentam alguma deficiência. Para incluir a escola precisa, primeiramente, acreditar no princípio de que todas as crianças podem aprender e que todas devem ter acesso igualitário a um currículo básico, diversificado e uma educação de qualidade.

            As adaptações curriculares constituem as possibilidades educacionais de atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos e têm como objetivo subsidiar a ação dos professores. Constituem num conjunto de modificações que se realizam nos objetivos, conteúdos, critérios, procedimentos de avaliações, atividades e metodologias para atender as diferenças individuais dos alunos. Assim sendo, é preciso desenvolver uma rede de apoio (constituída por alunos, pais, professores, diretores, psicólogos, terapeutas, pedagogos e supervisores) para discutir e resolver problemas, trocar idéias, métodos, técnicas e atividades, com a finalidade de ajudar não somente aos alunos, mas aos professores para que possam ser bem sucedidos em seus papéis.

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CONSIDERAÇOES FINAIS

 

            Contudo consideramos que a educação, como mecanismo de construção do conhecimento tem um papel fundamental na socialização de práticas e informação sobre as questões tratadas pelos temas da diversidade cujo eixo fundador baseia-se na garantia dos direitos fundamentais e na dignidade humana, condições essenciais para o enfrentamento das desigualdades. A educação como um direito fundamental, precisa ser garantido a todos sem qualquer distinção, promovendo a cidadania, a igualdade de direitos e o respeito à diversidade sociocultural, étnico-racial, de gênero e orientação afetivo sexual. Devemos respeitar e valorizar a diversidade dos alunos, exigindo assim, que a escola crie espaços inclusivos.

            Os educadores devem estar dispostos a romper com paradigmas e manterem-se em constantes mudanças educacionais progressivas criando escolas inclusivas e de qualidades, trabalhando com as diversidades sejam elas quais forem. Essas estratégias para a ação pedagógica no cotidiano escolar são necessárias para que a escola responda não somente aos alunos que nela buscam saberes, mas aos desafios que são atribuídos no cumprimento da função formativa de educação, num processo democrático, reconhecendo e valorizando a diversidade, como um elemento enriquecedor do processo de ensino e aprendizagem.

            Portanto, incluir e garantir uma educação de qualidade para todos os alunos é uma questão de justiça e equidade social. Nesse sentido implica na reformulação de políticas educacionais e de implantação de projetos educacionais inclusivo, sendo o maior desafio estender a inclusão a um maior número de escolas, facilitando incluir todos os indivíduos em uma sociedade na qual a, diversidade está se tornando mais normal do que exceção.

 

 

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

BRASIL. Comitê Nacional de Educação de Direitos Humanos. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República-Ministério da Educação-Ministério da Justiça, 2007.

Cidadania, Orgulho, Respeito, Solidariedade e Amor-CORSA. Educando para a Diversidade osGLBTsna escola. Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros. Secretaria Especial dos Direitos Humanos.

MUNANGA, Kabengele. Apresentação, in:- Superando o racismo na escolar. 3. Ed. Brasília: Ministério da Educação. 2001.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 





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Educação?Educações


EDUCAÇÃO? EDUCAÇÕES


BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação. São Paulo: Brasiliense,2004.
 
Resumo elaborado por Antônio Eustáquio de Moura


Educação?Educações: Aprende com o Índio

Ninguém escapa da educação.  Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela.  Todos os dias misturamos a vida com a educação.

 

Não há uma forma única, nem um único modelo de educação;

A escola não é o único lugar onde ela ocorre, e talvez não segue o melhor;

O ensino escolar não é a única pratica onde ocorre a educação;

O professor profissional não é o único praticante da educação [educador]

Em mundos diversos [sociedades] a educação existe de formas diferentes

 

Ler carta escrita pelos chefes indígenas para autoridades brancas que ofereceram vagas para educar jovens indígenas em suas escolas           p. 8 – 9

 

Os índios sabiam que a educação do colonizador, que contem o saber de seu modo de vida e ajuda a confirmar a aparente legalidade de seus atos de domínio, na verdade não serve para ser a educação do colonizado [no caso dos povos indígenas]                    p.11

 

Existe educação em cada povo

Existe educação de cada categoria de sujeitos de um povo

Existe entre povos que se encontram            p.9 -10

 

Da família à comunidade, a educação existe difusa em todos os mundos sociais [sociedades]

 

A educação pode existir livre, entre todos.  Pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como idéia, como crença, aquilo que é comunitário como bem, como trabalho, ou como vida.         p.10

 

A educação pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os seres humanos  p.10

 

A educação é uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura.

 

Formas de educação que produzem e praticam     p.10 -11

            O saber que atravessa as palavras da tribo [linguagem]

            Códigos sociais de conduta

            As regras de trabalho

            Os segredos da arte ou da religião

            Do artesanato ou da tecnologia que qualquer povo precisa para reinventar todos os dias a vida do grupo [enfim para viver]

            Incultar, de geração em geração, a necessidade da ordem [social]

 

Força da Educação              p.11

Ela ajuda a pensar e a criar tipos de homens que a sociedade precisa, através de passar para uns e para outros o saber que os constitui e legitima

Participa do processo de

            - Construção de crenças e idéias

            - De qualificações e especialidades que envolvem as trocas de símbolos, bens e    poderes que, em conjunto, constroem tipos de sociedades.

 

Fraqueza da Educação

O professor pensando as vezes que age por si próprio, livre e em nome de todos, imagina que serve ao saber e a quem ensina, mas na verdade, ele pode estar servindo a quem o constituiu como professor [pessoa, classe ou grupo social], a fim de usá-lo, e ao seu trabalho, para fins escusos que ocultam também na educação, ou seja, interesses políticos impostos sobre ela e, através de seu exercício sobre a sociedade que habita           p.11 – 12

 

 

 

A educação no imaginário das pessoas e na ideologia dos grupos sociais é vista como tendo a missão de transformar sujeitos e mundos [sociedades] em alguma coisa melhor.

Mas na pratica a mesma educação que ensina pode deseducar, fazendo o contrario do que se pensa sobre ela.   p.12

 

Quando a escola é a aldeia

A educação existe onde não há a escola, onde sequer foi criado algum modelo de ensino formal e centralizado. Pois nesses locais podem existir redes e estruturas sociais de transferência de saber de uma geração a outra.  p.13

 

Os animais aprendem de dentro para fora com as armas naturais do instinto. Mas a isto eles acrescentam maneiras de aprender de fora para dentro, convivendo com a espécie, observando a conduta de outros iguais de sua espécie e experimentando, por conta própria, repetir muitas vezes essas condutas da especie.          p.13 -14.

 

O ser humano aprendeu a transformar partes das trocas feitas no interior da cultura em situações sociais de aprender e aprender (educação)

 

A educação continua no ser humano o trabalho da natureza de fazê-lo evoluir, de torná-lo mais humano.

 

Os antropólogos ao estudarem as sociedades “primitivas” [sociedades simples], sociedades tribais das Américas, da Ásia, da África e da Oceania, quase em sua totalidade, não utilizam a palavra educação ao descreverem relações cotidianas ou cerimônias rituais em que crianças aprendem e jovens são solenemente admitidos no mundo dos adultos

As crianças e jovens para se ajustar à sua sociedade precisam ser educados

 

Aprendem aos poucos a caçar, a fabricar o arco e a fecha e assim por diante

Adquirem sentimentos e disposições emocionais que regulam a conduta dos membros da tribo e constituem o corpo de suas regras sociais da moralidade

 

Os antropólogos identificaram processos sociais de aprendizagem, mas nenhuma situação propriamente escolar de transferência do saber tribal.   P.17

 

Tudo o que se sabe aos poucos se adquire por viver muitas e diferentes situações de trocas entre pessoas, com o corpo, com a consciência, com o corpo e a consciência.

 

As pessoas convivem umas com as outras e o saber flui pelos atos de quem, para quem não-sabe-e-aprende.   Mesmo quando os adultos encorajam e guiam os momentos e situações de aprender de crianças e adolescentes, são raros os tempos especialmente reservados apenas para o ato de ensinar.

 

A criança vê, entende, imita e aprende com a sabedoria que existe no próprio gesto de fazer a coisa

São situações de aprendizagem aquelas em que as pessoas do grupo trocam bens materiais entre si ou trocam serviços e significados: na turma da caçada, no braço de pesca, no canto da cozinha da palhoça, na lavoura familiar ou comunitária de mandioca, nos grupos de brincadeiras de meninos e meninas, nas cerimônias religiosas.  P.18