sexta-feira, 21 de junho de 2013

Resumo do artigo "Relações de gênero no ensino fundamental e médio: abordagens iniciais.



Relações de Gênero no Ensino Fundamental e Médio:
Abordagens Iniciais 


Referencia bibliográfica do texto
TORTATO, Cintia de Souza; CASAGRANDE, Lindamir Salete; CARVALHO, Marilia Gomes. Relações de Gênero no Ensino Fundamental e Médio: Abordagens Iniciais. Disponível em:<http://files.dirppg.ct.utfpr.edu.br/ppgte/eventos/cictg/conteudo_cd/E3_Rela%C3%A7%C3%B5es_de_G%C3%AAnero.pdf >. Acesso em 10 jun. 2013.




Resumo do texto
O objetivo deste artigo é apresentar os resultados de um curso de capacitação que visou sensibilizar professoras e professores sobre a necessidade de buscar a equidade de gênero e o respeito à diversidade sexual no ambiente escolar. O curso uniu pesquisa e extensão, uma vez que, juntamente com as aulas ministradas, houve coleta de dados através de observação participante e trabalhos escritos pelos alunos e alunas que foram interpretados à luz das teorias de gênero.
Este curso foi ofertado aos profissionais da rede estadual, municipal e particular de ensino de Curitiba e Região Metropolitana, do Ensino Fundamental e Médio. Foi utilizado o método participativo que possibilitou às/aos participantes a reflexão sobre temas como, práticas docentes, representações de gênero nos livros didáticos, o uso de reportagens de jornais, revistas e internet para a discussão de gênero e sexualidade, buscando a construção de concepções de gênero mais igualitárias. Com este método foi
possível a produção conjunta de conhecimentos sobre os problemas que as profissionais da educação encontram em sua prática escolar, como conseqüência de preconceitos e discriminações de gênero.
Como resultado pode-se perceber, por meio de depoimentos e do trabalho final, que
algumas ações estão sendo realizadas nas escolas, porém de forma isolada. As/os participantes declararam que passaram a visualizar situações de preconceito e discriminações em seu cotidiano.
Ressaltaram ainda que para abordar esta temática precisem superar suas limitações por meio de maior capacitação, bem como os empecilhos colocados pela comunidade que vão desde a falta de apoio da direção até a preocupação dos pais quando se fala em abordar a questão da sexualidade com os estudantes.
O curso despertou o interesse das professoras e professores e mostrou a necessidade e importância de se propiciar discussões como essas aos docentes de todas as disciplinas e de todos os níveis de ensino.

Palavras-chave: Relações de Gênero; Diversidade Sexual; Educação.


O que se percebe nas escolas Uma questão que logo se destaca nos trabalhos desenvolvidos com profissionais da educação acerca das questões de gênero, diversidade sexual, preconceitos e todas as relações que resultam dessas abordagens, é que a maioria dos profissionais consegue identificar situações extremas que foram
sendo invisibilizadas no cotidiano da escola. Alguns exemplos citados pelos participantes do curso em seus trabalhos de conclusão do curso


Gênero e educação
A busca por uma sociedade mais democrática e justa deve ser um dos objetivos dos atores sociais que trabalham na escola (professores, professoras, alunos, alunas, supervisores, supervisoras, diretores, diretoras, enfim, profissionais da educação), para que sejam formados cidadãs e cidadãos que respeitem a diversidade cultural, os valores, as crenças, bem como os comportamentos relacionados à sexualidade.


Entre as questões levantadas pelas autoras em sua análise de documentos de políticas públicas no Brasil, está o questionamento acerca da sistematização e aprofundamento das questões que compõe a perspectiva de gênero e outras, como as de classe/etnia, orientação sexual e geração, num trabalho constante e permanente junto aos educadores e ao currículo.
Neste espaço é que entra esse curso, pois, para uma efetiva inclusão de questões voltadas para o combate às desigualdades sociais, ações como o curso que está sendo comentado neste trabalho deveriam multiplicar-se tantas vezes quantas fossem necessárias. Desse modo, trabalhar conceitos, noções, construções e desconstruções6 leva tempo e demanda um esforço conjunto, não basta constar nas orientações ou legislações, é preciso aproximar a escola e todos que participam dela às contribuições dos especialistas e suas construções teóricas.
 Para AUAD (2006, p. 86):

a escola, para que haja aprendizado, interfere nas hipóteses das crianças sobre os conhecimentos
matemáticos, científicos e lingüísticos. Da mesma maneira, há de se intervir nos conhecimentos
relativos às relações de gênero, às relações étnico-raciais, geracionais e de classe, para que as
discriminações e desigualdades acabem.

E ainda mais, é preciso extrapolar os limites da sala de aula e envolver todos que fazem parte da escola, pois “cada espaço da instituição - as salas de aula, a sala de professores, a cozinha, o saguão, o corredor ou o pátio – tem características comuns e, também, particularidades que lhe são próprias, configurando sua própria cultura” (STIGGER e WENETZ, 2006, p. 73) 7.
Em todos estes espaços podem ocorrem manifestações de preconceito, discriminação e violência de gênero, merecendo desta forma a atenção dos profissionais que atuam na escola.
A abordagem do conceito de gênero procurou proporcionar o entendimento da construção social e histórica que se fez em torno dos sexos e das desigualdades que decorreram dessa construção, enfatizando o aspecto relacional e social do conceito e considerando o “gênero como constituinte da identidade dos sujeitos” (LOURO, 1997).

A abordagem metodológica do curso
Utilizando o método participativo foi possível às/aos participantes a reflexão sobre temas como, práticas docentes, representações de gênero nos livros didáticos, o uso de literatura infantil, reportagens de jornais, revistas e internet para a discussão de gênero e sexualidade, [utilizou pesquisa bibliográfica para localizar e colher dados nestes materiais]dentre outros, buscando a construção de concepções de gênero mais igualitárias. Com este método foi feita a produção conjunta de conhecimentos sobre os problemas que as profissionais da educação encontram em sua prática escolar, como conseqüência de preconceitos e discriminações de gênero. Os temas gênero e diversidade sexual têm sido abordados em cursos de sensibilização de professores por meio de diversas estratégias que são semelhantes àquelas que eles próprios utilizam em suas práticas pedagógicas. A idéia consiste em não só oferecer o acesso ao conhecimento, mas também o acesso às várias formas de trabalhar esse conhecimento.

Entre as estratégias utilizadas estão: leitura de livros de literatura infantil cuja temática facilite a abordagem tanto de gênero como de diversidade sexual com os discentes; slides contendo
pinceladas de teoria que vão sendo explicitadas ao longo das apresentações; leitura de textos e imagens retirados de livros didáticos na intenção de aguçar a percepção quanto à sutileza da
linguagem estereotipada e preconceituosa; apresentação de reportagens que podem ser  utilizadas para o debate das desigualdades de gênero em diversas situações da sociedade retiradas da internet; apresentação de música onde a letra contenha questões a serem postas à reflexão do grupo; a apresentação de piadas e situações constrangedoras comuns nos ambientes escolares; e uso do vídeo “Boneca na mochila” que serviu de subsídio para discussão posterior.
 Estas atividades serão abordadas mais detalhadamente na sequência deste artigo.


A abordagem de gênero por meio da literatura infantil
A literatura infantil compreende um universo de simbolizações e significações que se situam numa posição privilegiada de comunicação com a criança, sua linguagem, ilustrações e formatos têm sido pensados e testados para esse fim entendendo que, a partir da centralidade que a criança assumiu na cultura contemporânea, ela também se constituiu em um grande mercado consumidor (FELIPE, 1999, 2000, 2003; GOUVÊA, 2005; ZILBERMAN e LAJOLO, 1991; ZILBERMAN, 2003).
Os setores acadêmicos ligados à crítica da literatura infantil como recurso pedagógico ressaltam que o uso de livros e histórias infantis como pretexto para abordar questões pedagógicas compromete o caráter artístico dessa modalidade de literatura (SILVEIRA, 2003). Para alguns autores a literatura pertence ao campo do lúdico e da emoção e sua subordinação ao discurso científico-pedagógico pode até aniquilá-la (BURGARELLI, 2005).
No entanto, a criação e consolidação da literatura infantil estão historicamente ligadas a
questões de cunho pedagógico. Gouvêa (2005, p.81), fazendo um resgate da construção histórica da literatura infantil, coloca:

De maneira característica, a literatura infantil definiu-se historicamente pela formulação e transmissão
de visões de mundo, assim como modelo de gostos, ações, comportamentos a serem reproduzidos
pelo leitor. Construiu-se a concepção de um texto literário em que o caráter pedagógico fez-se
especialmente presente. Ao mesmo tempo, à menoridade da infância associou-se a menoridade da
produção literária, no interior desse campo cultural.

Sabe-se hoje, que a literatura infantil tem uma trajetória histórica vinculada ao contexto social em que surgiu e se consolidou e que, a partir daí conquistou um espaço próprio e importante como um  gênero literário. Salientamos que neste trabalho não estamos reduzindo a função da literatura infantil a um recurso pedagógico, mas estamos nos valendo de um universo onde as questões principais.desse trabalho: as questões de gênero e da diversidade sexual possam ser abordadas com as crianças de forma lúdica e sem modelos definidos. 8 Como afirma Zilberman (2003, p. 12):

O fato de a literatura infantil não ser subsidiária da escola e do ensino não quer dizer que, como
medida de precaução, ela deva ser afastada da sala de aula. Como agente de conhecimento porque
propicia o questionamento dos valores em circulação na sociedade, seu emprego em aula ou em
qualquer outro cenário desencadeia o alargamento dos horizontes cognitivos do leitor, o que justifica e
demanda seu consumo escolar.

Silveira (2003) destaca a idéia de que mesmo sem finalidade explícita de ensinar os livros infantis carregam uma ideologia implícita com estruturas sociais assumidas e valores. Silveira e Santos (2006, p.1), complementam:

Assim, mesmo a literatura infantil produzida nos anos mais recentes que se pretende “emancipatória”,
ou “não pedagogizante”, “não moralizante”, não foge à contingência de carregar consigo
representações de mundo, consciente ou inconscientemente nela plasmadas pelo autor, assim como
não pode sofisticar demais seus recursos, sob pena de ser rejeitada pelo leitor infantil.

Em muitos casos, porém, está explícita a intenção de problematizar e oferecer possibilidades de leituras de mundo para as crianças de forma a questionar os padrões hegemônicos. 9 A literatura infantil também está relacionada ao desenvolvimento da linguagem, através da ludicidade, da linguagem simbólica, da linguagem imagética, da linguagem verbal, a criança entra em contato com uma série de estímulos que vão auxiliá-la em seus processos de aprendizagem e em sua formação como um todo (CANDIDO, 2003).


As representações e linguagem nos livros didáticos
Os livros didáticos constituem um importante material de apoio aos professores e professoras bem como aos alunos e alunas. Muitas vezes, esses são os únicos livros aos quais docentes e discente têm acesso. Silva (2000, p. 140) argumenta que, “por causa da ausência de outros materiais que orientem os professores quanto à „o que ensinar e „como ensinar, e também em decorrência da falta de acesso do aluno a outras fontes de estudo e pesquisa”, os livros assumem um papel significativo no dia-a-dia escolar. Passam, dessa forma, a ser o único material de apoio às atividades de ensino e aprendizagem.

O Ministério da Educação - MEC tem empreendido esforços para que o livro didático “passe a
ser entendido como instrumento auxiliar, e não mais a principal e única ferramenta” (SILVA, 2000, p.140) de apoio as atividades de ensino e aprendizagem. Porém, não se pode esquecer que em algumas regiões do Brasil o acesso a outros meios e materiais é extremamente difícil, quer pela localização geográfica da escola, quer pelas condições financeiras da população local.

Por esse motivo, o que está contido nos livros didáticos assume, muitas vezes, o status de verdade absoluta, imutável e inquestionável.

Entretanto, uma análise mais apurada de alguns livros que são distribuídos para as escolas brasileiras permite que se perceba que muitos desses trazem, em suas imagens e textos, estereótipos e preconceitos de gênero, classe, etnia, raça, dentre outros. Isso pode ser
constatado não só pelo que encontramos nesses livros, mas também pelas ausências. O silêncio fala, e precisamos saber ouvi-lo.

Questionar as representações estereotipadas ali encontradas não significa negar a qualidade
dos livros que estão no mercado nem tampouco a importância que eles assumem no cotidiano
escolar. Significa alertar para a necessidade de se manter um olhar crítico e, quando for necessário, questionar as representações que podem transmitir preconceito e gerar discriminações quando essas adquirem valor de “verdade”.

Moreno, argumenta que os livros ensinam mais do que os conteúdos aos quais eles são destinados.
Segundos a autora os livros de linguagem

não ensinam só a ler, assim como não é o domínio do idioma a única coisa que cultivam, mas sim todo
um código de símbolos sociais que comportam uma ideologia sexista, não explícita, mas incrivelmente
mais eficaz do que fosse expressa em forma de decálogo. Meninas e meninos tendem de maneira
irresistível a seguir a modelos propostos, principalmente quando lhes são oferecidos como
inquestionáveis e tão evidentes que nem sequer necessitam ser formulados (1999, p. 43).

Cabendo aos professores estarem atentos para formar estudantes críticos que sejam capaz de questionar as representações que os livros trazem.


RESULTADO DE PESQUISA REALIZADA EM LIVROS DIDÁTICOS DE MATEMÀTICA
Em pesquisa realizada para a dissertação de mestrado, Casagrande (2005) constatou que os
livros didáticos de Matemática representam homens e mulheres de forma estereotipadas. Homens e mulheres são apresentados em situações diferenciadas como se vivessem em mundos separados com pouca interação entre sujeitos de gêneros distintos.

No geral, as atividades representadas desenvolvidas pelas meninas são menos dinâmicas do que as desenvolvidas por meninos, o que contribui para a construção da imagem de que as meninas são mais passivas e organizadas, e os meninos, mais agitados e criativos.

Segundo Auad (2003), esse fato corresponde às expectativas de professores e professoras. Essa representação corrobora ainda o argumento de Cavalcanti (2003), quando ela argumenta que a escola contribui para a construção de uma visão dicotomizada de gênero, em que as meninas e mulheres possuem determinadas características, e meninos e homens,
outras distintas.


Metodologia utilizada no Curso
Para este curso, buscou-se imagens e textos em livros didáticos de diversas disciplinas. As
representações encontradas nestes livros se assemelham as que Casagrande (2005) encontrou nos  livros de Matemática.

Esse tipo de representação é encontrado em livros de diversas disciplinas como Ciências, Geografia e Língua Portuguesa.

Porém, as mesmas imagens que podem transmitir estereótipos e preconceitos podem também servir como ponto de partida para o debate de seus significados, implícitos e explícitos, em sala de aula. Para que isso ocorra, há a necessidade de que professores e professoras percebam que a manutenção e reprodução de situações que podem culminar em discriminações de gênero, classe, raça e etnia se constitui em um problema.
Somente quando identificarmos uma situação como problemática, poderemos tomar atitudes e desenvolver ações para transformá-la. Essa transformação, geralmente, é difícil e lenta, entretanto, necessária.

A projeção das ilustrações teve como objetivo refletir como essas imagens podem contribuir para a construção e manutenção dos estereótipos de gênero e, juntamente com outras mídias como a televisão, cooperar para a construção das identidades dos jovens e adolescentes.

As ilustrações contribuíram para que as participantes olhassem para os conteúdos dos livros
didáticos de forma crítica, identificando os conceitos e preconceitos de gênero presentes neles. O olhar crítico possibilitará o desenvolvimento de uma educação mais igualitária.


A internet
A internet vem se constituindo num importante instrumento de acesso e disseminação da informação e do conhecimento. Nem tudo o que se encontra na rede deve ser considerada como verdadeira, entretanto depois de uma criteriosa seleção, muitas reportagens disponíveis na internet podem ser utilizadas em sala de aula como apoio ao ensino.

O uso da internet pode ampliar as possibilidades e interações no contexto escolar:

Os trabalhos de pesquisa podem ser compartilhados por outros alunos e divulgados instantaneamente
na rede para quem quiser. Alunos e professores encontram inúmeras bibliotecas eletrônicas, revistas
on-line, textos, imagens e sons, que facilitam a tarefa de preparar as aulas, fazer trabalhos de pesquisa
e ter materiais atraentes para apresentação (MORAN, 1995, p. 5).

Outra ferramenta que pode ser utilizada como apoio ao ensino e aprendizagem è  a criação de blogs que podem se constituir em um espaço de construção de conhecimentos, um recurso pedagógico interativo e inovador, desde que seja utilizado de forma crítica.

Durante o curso, foram apresentadas algumas reportagens sobre gravidez na adolescência,
violência contra homossexuais, violência no transito e violência doméstica contra as mulheres e
crianças como exemplos de reportagens que podem ser utilizadas para abordar as questões de gênero, diversidade sexual e violência de gênero com alunos de diversos níveis de ensino.

Este tipo de reportagem pode ser utilizado em diversas disciplinas como Matemática na qual pode ser discutido os números apresentados nestas reportagens, formulando problemas com estes números; Língua Portuguesa com a construção de textos e realização de debates nos quais os estudantes podem desenvolver o poder de argumentação; Ciências e Biologia nas quais pode-se abordar as conseqüências para o corpo dos adolescentes de uma gravidez precoce, da violência de gênero e da homofobia, dentre outras.

Com o uso destas reportagens apresentou-se aos participantes possibilidades de ações no
cotidiano escolar buscando instrumentar as professoras para que possam passar da reflexão à ação


A música
Nas discussões com as participantes utilizaram-se as letras de algumas músicas para a reflexão de como este artefato cultural pode ser usado para a introdução e a reflexão das questões de gênero com os alunos. Para este curso selecionou-se as músicas Pagu de Rita Lee e Homem com H de Ney Matogrosso. As letras dessas duas músicas são, aparentemente, contraditórias. Enquanto Pagu ressalta o que ela não é10, Homem com H tem a ênfase na afirmação do que ele é11, porém ambas
10 Nem!Toda feiticeira é corcunda/Nem!Toda brasileira é bunda/Meu peito não é de silicone/Sou mais macho/Que muito
homem...

buscam a afirmação das qualidades de seus protagonistas. Após uma breve discussão sobre as letras destas duas canções as participantes citaram os nomes de outras músicas que também podem ser utilizadas para abordar a temática com os adolescentes.
As discussões também foram voltadas para a análise da forma como homens e mulheres são cantados na Música Popular Brasileira – MPB.
Em muitas letras as mulheres são tratadas como objeto. O corpo feminino é um dos principais temas da MPB.
Os corpos das mulheres cantadas em verso e prosa, na maioria das vezes são jovens e belos e isso pode contribuir para que as jovens que não percebem seus corpos como belos se sintam fora do padrão e busquem dietas que podem leválas a doenças como a anorexia, por exemplo.

O uso de músicas tem a vantagem de ser lúdico e assim despertar o interesse dos estudantes.
Por outro lado, a falta de reflexão sobre as letras e o conteúdo das mesmas pode contribuir para a disseminação de conceitos e preconceitos e, desta forma contribuir para a manutenção de estereótipos de gênero, de raça e de classe. Assim, este artefato cultural pode ser útil para a reflexão de gênero e diversidade sexual desde que utilizado de forma crítica.


Filmes e documentários
Outro artefato cultural que pode se tornar bastante apropriado para as discussões de gênero com os estudantes é o filme de curta metragem ou trechos de filmes de longa duração. Existem três pontos principais pelos quais os filmes podem ser selecionados para trabalhar uma determinada temática: pelo conteúdo, pela linguagem ou pela técnica.

Para a discussão de gênero, o conteúdo é fundamental para a seleção dos filmes a serem utilizados e, quando devidamente preparados e adequadamente selecionados podem desencadear o surgimento de diversas questões para o debate, podendo assim contribuir para o desenvolvimento do pensamento crítico e a capacidade de argumentação dos estudantes.
Os filmes podem ser usados como fonte “quando o professor direcionar a análise e o debate dos alunos para os problemas e as questões surgidas com base no argumento, no roteiro, nos personagens, nos valores morais e ideológicos que constituem a narrativa da obra” (NAPOLITANO, 2004, p. 1).

 O debate é fundamental em atividades com uso deste tipo de artefato. Assim, é
importante que, ao selecionar um filme, o docente verifique a duração do mesmo com o intuito de assegurar que haverá tempo para debater as questões levantadas pelos estudantes.

USO DE FILMES DURANTE O CURSO
Durante o curso, utilizou-se o filme Boneca na Mochila (1995), entretanto existe um grande
número de vídeo que poder ser utilizados em sala de aula ou em cursos de sensibilização de
professores12.

Esses filmes podem despertar o interesse tanto das meninas quanto dos meninos, e se tornarem um instrumento útil para a discussão de temas que, muitas vezes, são controversos,
polêmicos e de difícil abordagem. Desse modo, os filmes e documentários podem servir de
instrumento para facilitar a abordagem destes temas com os estudantes.
11
Eu sou homem com H/E com H sou muito homem/Se você quer duvidar/Olhe bem pelo meu nome/Já tô quase
namorando/Namorando pra casar...
12
Acorda, Raimundo acorda (1996); Minha Vida de João (2001); Transamérica (2005); Ser Mulher (2006) e Singularidades (2007), por exemplo.


Considerações finais
Tem sido de fundamental importância a abordagem das questões de gênero no ambiente escolar em cursos de capacitação de professores.
Nas práticas realizadas apresenta-se com veemência a necessidade de se proporcionar outros momentos como estes para que a discussão sobre as relações de gênero, a busca pela eqüidade de gênero e o respeito à diversidade sexual dentro e fora do ambiente escolar seja ampliada e difundida a um número cada vez maior de pessoas.
As participantes demonstraram interesse em discutir a temática e reforçaram a necessidade da busca por cursos de capacitação que auxilie as professoras e professores a abordar assuntos tão relevantes.

A reflexão sobre os diversos artefatos culturais que podem ser utilizados como disparadores das discussões acerca das temáticas de gênero e diversidade sexual no ambiente escolar se mostrou fértil e, por meio dela, pode-se apresentar sugestões de atividades a serem desenvolvidas com os alunos com o intuito de desenvolver neles o respeito a diversidade de gênero e sexual e a diminuição da homofobia e do sexismo.

Foi possível identificar transformações significativas na forma das/os participantes perceberem
as relações de gênero na sociedade em geral e de modo especial na escola. Isso foi percebido
durante as aulas, nas quais muitas/os expressaram as transformações pelas quais estavam passando por meio de depoimentos, em sala de aula ou nos corredores, quando nos procuravam para falar das experiências que estavam vivenciando no seu cotidiano

A grande procura pelo curso demonstra a importância e a necessidade de se ofertar cursos como estes para os profissionais dos mais diversos níveis de ensino.

 Quando encontram oportunidades, as professoras e professores se dispõem a participar e a buscar novos conhecimentos, nas mais diversas áreas com o intuito de melhorar suas práticas docentes e possibilitar uma melhor compreensão da diversidade que se encontra no espaço escolar.

Convidados a sugerir formas de inserir as questões abordadas no curso para a efetivação das ações voltadas ao combate ao preconceito e às desigualdades em geral os participantes sinalizaram a necessidade de:

“Um debate aberto entre os profissionais da instituição sobre tais questões.”

“Cursos e palestras, com pessoas que tenham um contato maior com estas questões, direcionados aos
alunos e membros da comunidade, afim de desde logo, ir inserindo uma nova visão na sociedade.”

“Reuniões mensais ou bimestrais com especialistas e mais cursos.” “Sem dúvida é necessário trabalhar primeiramente com o corpo docente (... )”

“(... ) cursos de capacitação para professores, funcionários (... )”

“(... ) formação de um grupo de gênero dentro da escola (...)”

“Cursos preparatórios para os professores, funcionários, secretárias.”

“Criar grupos de estudo e discussão sobre os referidos temas, e oferecer uma caixa de relatos
vivenciados ou sugestões que não exija identificação do remetente (é sabido que nessas caixas serão
colocadas agressões, brincadeiras, etc, mas sempre se consegue algo que auxilie no trabalho).”

“É necessário todo um processo de formação que mostre as diversidades como algo presente na
sociedade e não algo que tem que ser combatido. Para que possamos ter um debate que ajude na
formação dos nossos alunos, é imprescindível que o professor esteja preparado.”

“Questões como violência de gênero, homofobia, sexismo fazem parte do contexto escolar e devem ser
encarados francamente pela escola e debatidos para serem superados. Não se devem deixar esses
assuntos, por serem espinhosos, para serem discutidos em seminários e sim, discutidos em sala de
aula no momento que as dúvidas ou os preconceitos se evidenciam e com a franqueza e singeleza que
merecem.”


O objetivo deste módulo foi debater sobre as questões de gênero que se manifestam no
ambiente escolar, buscando sensibilizar as participantes sobre a importância de tal reflexão para a construção de uma educação democrática e igualitária, visando a redução das desigualdades sociais e provocar indagações e inquietações nas participantes levando-as à reflexão sobre as representações de gênero e suas relações na educação.

Após a sensibilização as professoras e professores foram estimulados a buscar na internet, nas universidades, nas bibliotecas, junto a grupos e núcleos de estudo de gênero mais materiais, bibliografias e apoio para seus estudos e com isso, se preparar cada vez mais para enxergar e enfrentar as manifestações de preconceito que surgem no dia-a-dia.

INFORMAÇÃO EXTRA ANEXADA QUE ANEXEI A ESSE TEXTO
O filme “Boneca na Mochila” pertence ao Kit anti-homofobia que foi proibido de ser entregue às escolas devido aos protestos de políticos e religiosos conservadores. Este filme pode ser visto e baixado no You Tube.  Serve tanto para refletirmos sobre asexualidade e papeis de gênero, como também no papel retogrado (e as vezes homofóbico) de políticos e religiosos conservadores
Endereço do site

ANOTAÇÕES SOBRE GÊNERO:Resumo texto O que é ser Mulher?. O que é ser Homem de Nalú Faria e Miriam Nobre



ANOTAÇÕES SOBRE GÊNERO


BIBLIOGRAFIA
FARIA Nalu; NOBRE, Miriam.  O que é ser Mulher?.  O que é ser Homem. In:____ . Gênero e Desigualdade. São Paulo: SempreViva Organização Feminista, 1997, p. 9 – 33.

LEITÃO, Eliane Vasconcellos. A Mulher na Língua do Povo. Rio de Janeiro: Achiamé, 1981.

CAMPOS, Christiane. As Relações de Gênero e o MST. In: MST, Setor Nacional de Gênero. Construindo Novas Relações de Gênero, Desafiando Relações de Poder. [s.l]: Editora MST, 2003, p.7 – 31.

CAMPOS, Christiane. Desvendando Símbolos e Significados. In: MST, Setor Nacional de Gênero. Construindo Novas Relações de Gênero, Desafiando Relações de Poder. [s.l]: Editora MST, 2003, p.7 – 31.


RELAÇÕES DE TÓPICOS

Gênero de acordo com o dicionário
Gênero, [do lat. Genus, eris, classe, espécie]
Antrop. A forma culturalmente elaborada que a diferença sexual toma em cada sociedade, e que se manifestam nos papeis e status atribuídos a cada sexo e constitutivos da identidade sexual dos indivíduos [DICIONÁRIO AURELIO apud CAMPOS, 1997, p.7)

Texto
O que é ser Mulher?.  O que é ser Homem. de FARIA, Nalu; NOBRE, Miriam. 
Perguntas a serem respondidas com o texto                 9

Perguntas iniciais:
1- O que é ser mulher?
2 -O que  é ser homem?
3 – Por que mulheres e homens vivem em condições de desigualdade?
4 – Por que se diz que algumas coisas são de mulheres e outras de homens?
5 – Por que as mulheres são consideradas inferiores e vivem situações de injustiça por serem mulheres?
6 – Onde que isto tudo começou?


Construção Social da Desigualdade
Pessoas nascem bebes machos e fêmeas         9
São criadas e educadas conforme a [cada] sociedade define como próprio de homem e de mulher.
Os adultos educam as crianças marcando diferenças bem concretas entre meninas e meninos.

[Educação, Endoculturação, Endoeducação, Socialização]
Os adultos educam as crianças marcando diferenças bem concretas entre meninas e meninos
Educação Diferenciada para meninos e meninas           9-10
            - Brinquedos diferentes
            - Formas diferentes de vestir
            - Estórias nas quais os papeis dos personagens homens e mulheres são diferentes
            - Diferenças que aparecem de modo sutil (menos visíveis) nas atitudes, forma             de falar, aproximação com o corpo

[resultado do processo de Educação, Endoculturação, Endoeducação, Socialização
Educadas assim, meninas e meninos adquirem características e atribuições aos considerados papeis femininos e masculinos.
Identificam com os modelos do que é feminino e masculino
Os atribuídos às mulheres não são só diferentes dos homens, são também desvalorizados. 
Por isso, as mulheres vivem em condições de inferioridade e subordinação em relação aos homens.  10


Uso das expressões identidades de gênero e relações de gênero
Usamos as expressões identidades de gênero e relações de gênero para deixar bem claro que as desigualdades entre homens e mulheres são construídas pela sociedade e não determinadas pela diferença biológica entre sexos.  Elas são uma construção social, não determinadas pelo sexo.                   10

Relativização                           10
Compreender essa construção social, não significa desconsiderar que ela se dá em corpos sexuados
Gênero também tem uma dimensão e uma expressão biológica

Assim mulheres e homens imprimem no corpo, gestos, posturas e disposições, as relações de poder vividas a partir das relações de gênero.

Modelo de Feminino
São criados a partir de símbolos antagônicos
             Eva                              Maria  
            Bruxa                            Fada  
            Madrasta                      mãe
            prostituta                     [mulher direita]

Esses modelos propõem o que é bom para as mulheres e culpam-nas quando não correspondem a esse padrão

Esfera privada [casa] é considerada o lugar próprio das mulheres, do domestico, da subjetividade, do cuidado 

Papel Feminino tradicional
Maternidade como principal atribuição das mulheres
Cuidado da casa e dos filhos [“rainha do lar”]
Guardiã do afeto e da moral da família
[cuidar de crianças, velhos, doentes]

Mais adequado ser meiga, atenciosa, maternal, frágil, dengosa

Modelo de Papel Masculino                           Modelo de Papel Feminino
                                             Ativo                                                 passivo
            Forte                                                 fraco
            Que tenha iniciativa,                           sem iniciativa
           objetividade,                                      subjetividade
         racionalidade                                       emotividade

A esfera publica [for do lar] é considerada como espaço dos homens, dos iguais, da liberdade, do direito.                 11

Papel Masculino
Provedor, traz o sustento da família

Esfera publica [fora do lar] é considerado o lugar próprio de trabalho do homem, a rua

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

De acordo com Christiane Campos no texto “Relações de Gênero e o MST


Ao mostrar que as diferenças entre o masculino e feminino são uma construção cultural de cada sociedade, o conceito de gênero derruba uma velha compreensão de que homens e mulheres têm funções sociais diferentes porque são biologicamente ou naturalmente diferentes.”   p.7 – 8.

Afirma que toda sociedade constrói e continuamente altera, destrói e reconstrói um padrão sócio-cultural que determina como deve ser o comportamento masculino e feminino                       p. 8
            - o que é “coisa” de homem e de mulher
            - profissões adequadas para cada um
            - atributos que devem ter a mulher e o homem “decentes”
            - as cores e as roupas femininas e masculinas
            - o papel social que cada um(a)  deve cumprir etc.

[Destaca a historicidade deste conceito. Destacar também que o mesmo se modifica no tempo e no espaço. Ou seja, ser homem ou mulher no Brasil há 100 anos e hoje. Ser homem ou mulher no Brasil ou Europa e na Arábia Saudita ou Afeganistão. Mulher da Europa do Leste na Europa Ocidental ou USA]

Continuando afirma que quando se fala em Gênero estamos falando                8
Do padrão sócio-cultural (do jeito de viver estabelecido como comum, como “certo” e “normal” que cada sociedade vai definindo e redefinindo ao longo de sua história e a partir do qual se estabelece o que é ser homem e o que é ser mulher, tanto na vida publica quanto na vida privada.

É a partir desse padrão que vamos moldando nosso comportamento, jeito, pensamento, linguagem e até nosso corpo.

Por isso podemos dizer que as pessoas são muito mais um produto social do que biológico.

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Retorno ao texto O que é ser mulher, o que é ser homem

Papel masculino tradicional              11
O homem típico é considerado provedor, isto é que trabalha fora e traz o sustento da família
Realiza-se fora da casa
[tendo força, iniciativa, objetividade, racionalidade]

Questionamento da autora                               11
Este modelo que os homens trabalham fora e as mulheres só fazem trabalho domestico, nunca existiu de verdade.
Apenas uma pequena parcela de mulheres vive essa situação

Utiliza para defender seu ponto de vista, a situação das mulheres negras, das mulheres camponesas e das mulheres que vivem sozinhas com seus filhos.                        11

Pergunta
Por que ainda é forte a ideia dos papeis tradicionais de gênero masculino e feminino ?

Resposta
A persistência dessas ideias é justificada pela concepção de que os papeis masculinos e femininos são naturais, isto é, homens e mulheres já nascem para ser desse jeito (naturalização).

A naturalização dos papeis e das relações de gênero faz parte de uma ideologia que tenta fazer crer que esta realidade é fruto da biologia, de uma essência masculina e de uma essência feminina, como se homens e mulheres já nascessem assim                         12

Desnaturalização dos papeis de gênero
O que é ser mulher e ser homem não é fruto da natureza, mas da forma como as pessoas vão aprendendo a ser, em uma determinada sociedade, em um determinado momento histórico.

Desnaturalizar e explicar os mecanismos que conformam esses papeis é fundamental para compreender as relações entre homens e mulheres, e também seu papel na construção do conjunto das relações sociais.                    12

Se os papeis femininos e masculinos são uma construção histórica, as relações entre homens e mulheres que daí decorrem também variam ao longo da história.    12
Essas relações sofreram profundas mudanças nos últimos trinta anos, em parte como fruto da ação organizada das mulheres e do Movimento Feminista .    12

DIVISÂO SEXUAL DO TRABALHO.  12 – 14

As relações de gênero são sustentadas e\ estruturadas por uma rígida divisão sexual do trabalho.
De acordo com esta divisão, homens fazem trabalho produtivo
Responsável pelo sustento da família.
[atua na produção de bens e de mercadorias.
Venda da força de trabalho para obter recurso para prover sua família]

Mulheres fazem trabalho reprodutivo
Ter filhos, criá-los, cuidar da sobrevivência de todos no cotidiano.

* A divisão entre trabalho produtivo e trabalho reprodutivo não é tão real assim.  Tem homens trabalhando no campo da reprodução [cuidar das crianças e da casa] e há mulheres na produção [fabricas, lavouras, serviços etc.]

O mito que designa um tipo de trabalho para cada gênero influencia o real
A divisão sexual do trabalho perpassa o conjunto das atividades realizadas por homens e mulheres.
É comum ouvir que tal serviço é trabalho “de homem” ou que tal tarefa é “tarefa de mulher”                           13

No caso das mulheres, a tentativa é sempre considerar o trabalho realizado fora da casa como uma extensão do seu papel de mãe.

Trabalho das mulheres fora de casa
As mulheres se concentram em atividades consideradas tipicamente femininas:
                         Serviços domestico
                        Professoras
                        Enfermeiras
                        Assistentes sociais

Como professoras:
            Mais no primário
            Menos no nível secundário
            Muito poucas [?] nas universidade

Como escritoras, mais autoras de literatura infantil

Na industria, mais nas funções que exigem habilidade manual, coordenação motora fina, paciência (montadoras, costureiras,

Trabalho rural – trabalho feminino é menos valorizado que o dos homens
Em alguns casos (exemplo cana de açúcar) o que caracteriza um trabalho como leve ou pesado não é a fora física necessária para realizá-lo, mas o valor social de quem o faz. Sempre o trabalho é considerado como de mulher, ele [é considerado] de mulher, leve, coisinha á toa, é ajuda                           14

DESIGUALDADE E POBREZA (p. 14 – 15
O trabalho profissional das mulheres é sempre visto como complementar às suas atividades domésticas, estas sim consideradas sua verdadeira ocupação.                       14 -15

Isto causa consequências negativas
1- os salários delas podem ser baixos, já o que elas ganham é visto com suplementar.
2- os serviços públicos não se organizam para assegurar as mulheres condições de trabalharem fora. [exemplos: horários de creches, de atendimento médico]

Isto faz que
As mulheres “optam”\por ocupações em que  há maior flexibilidade de tempo. Por exemplo: trabalhos em tempo parcial ou no mercado informal.
[ou deixam para entrar no mercado de trabalho, com mais idade, após os filhos (as) estarem crescidos]

Redunda em menores salários, falta de direitos trabalhistas, poucas perspectivas de crescimento profissional.                         15

O resultado disso é uma enorme desigualdade na distribuição dos recursos e do poder na sociedade
Segundo a ONU as mulheres executam 2/3  do trabalho realizado pela humanidade, recebem 1/3 dos salários e são proprietárias de 1% dos bens imóveis.             15


SEXUALIDADE

A sociedade tenta impor normas que refletem o que considera mais correto, de acordo com os papeis sexuais definidos pela construção dos gêneros.

Por isso, o controle da sexualidade das mulheres, o controle da função procriativa, e a criminalização do aborto fazem parte da opressão das mulheres.

Dessa forma, a vivencia da sexualidade\ foi desde vários séculos rodeada por tabus e mitos.  Que tem como ponto em comum, considerar as manifestações da sexualidade feminina como pecado, doença, exagero, desvio, falta de pudor e até como crime.                 16
Duplo padrão de comportamento sexual [para homens e para mulheres]
1 - Para os homens
A ideia da virilidade é sinônimo de muitas relações sexuais, de preferência com muitas mulheres diferentes.

2 - Para as mulheres
Devem viver a sexualidade em função da reprodução, negando o prazer.
A repressão à sexualidade feminina em boa parte se dá pelo desconhecimento do corpo e pela imposição de regras rígidas do que significa ser uma mulher “honesta“        16

Contradição nem todas as mulheres podem ser “honestas”
            - mulheres “honestas” para casar e ter filhos
            - “as outras” para o livre desfrute da sexualidade [masculina] sem                   responsabilidade, só para o prazer
A autora denomina essa contradição como duplo padrão de comportamento sexual para as mulheres.


Heterossexualidade obrigatória                  17 - 18
A sexualidade aparece como parte da “natureza humana” vinculada à reprodução, o que leva a considerar as relações heterossexuais  como a única maneira correta de viver a sexualidade.

Existe a tentativa de provar que as outras orientações sexuais não são “normais” e que ocorrem por algum problema biológico ou por problemas psicológicos
[cura gay preconizada por setores conservadores da sociedade]

As crianças desde muito pequenas são levadas a incorporar os símbolos da heterossexualidade e estes\ aparecem vinculados ao casamento e à família

Mecanismos de repressão diretos ou sutis, vinculando a sexualidade ao namoro e ao casamento com alguém do sexo oposto. E também só quando crescer.
                        - histórias dos contos de fadas, com seus príncipes corajosos e princesas                                lindas e meigas [e brancas].
                        - [as bonecas e bonecos assexuados]

Ainda hoje se tenta conformar a sexualidade feminina ao papel subordinado que é destinado as mulheres, as regras para a sexualidade feminina são quase as mesmas de um século atrás.

Relativização da autora
A realidade nos mostra que nem sempre a vivencia da sexualidade [feminina] é totalmente definida por essa normas.                          18

VIOLÊNCIA

A violência contra as mulheres expressa a demonstração do poder dos homens e a ideia de que as mulheres são objeto de posse.
É uma forma de reproduzir e manter o machismo e de dizer o tempo todo que a mulher é inferior.                              18

Como a violência contra a mulheres se manifesta
            - espancamento, insultos, ameaças, estrupos, assédio9, assassinatos
            - formas sutis

Pergunta
O que contribui para manter a violência contra as mulheres.
            - impunidade dos agressores
            - transformação da vitima em ré’
            - silencio das mulheres agredidas
            - as ideias sobre a inferioridade das mulheres [destaque as de fundo religioso]
            - a dependência


A dependência, os sentimentos de desvalorização e de culpa acabam fazendo com que a mulher acredite que não há saída ou que a culpa é dela mesmo.
Em uma relação afetiva esses sentimentos se misturam com a esperança de que o homem vai mudar, ou com a ideia, bastante comum nas mulheres, de que ela é responsável e poderá salvá-lo.                 19


AVANÇOS DOS |MOVIMENTOS DE MULHERES.

Na questão da violência, os movimentos de mulheres têm conseguido alguns avanços, esclarecendo as mulheres sobre seus direitos, Oferecendo assistência jurídica, mostrando a importância da denúncia.
Criação das delegacias de mulheres
[fazer o governo tomar medidas]


Instituições [setores da sociedade] e a manutenção reprodução das desigualdades de gênero

                        - Família
                        - Educação
                        - meios de comunicação.

Família
È um dos locais de socialização das crianças.
Nela as crianças fazem os primeiros aprendizados para a divisão sexual do trabalho.
É na família que a criança começa a aprender o que é “ser homem” e o que é “ser mulher”.

Desigualdades de Gênero dentro das famílias               20 -21
- as mulheres trazem para casa a maior parte de seus rendimentos para o consumo da família. Enquanto os homens usam parte significativa para seus gastos pessoais [esporte, bar etc.]
Em algumas situações, ainda se vê nas famílias, uma distribuição desigual de recursos, até mesmo a comida.
- as tarefas chamadas domesticas são realizadas nas casas praticamente quase que só pelas mulheres, como trabalho não pago, para assim baraterar o custo da reprodução da força de trabalho.  [vide preços da lavagem de roupa, faxina, comida pronta]


Educação                    21 - 22
A escola também transmite valores, atitudes e preconceitos.
Tradicionalmente a escola tem reforçado a desigualdade entre homens e mulheres.
            - divisão em filas
            - divisão de tarefas
            - no que reforça em um e no outro
            - nas atividades de educação física
Os livros didáticos também reforçam  e reproduzem a desigualdade entre homens e mulheres, apresentando estereótipos  sobre o que é uma família [como funciona], como vivem as mulheres [e os homens].

A professora na maioria das vezes é tratada como a segunda mãe ou tia.
Isso significa não reconhecer sua profissionalização e considerar o ato de educar como extensão do papel de mãe

A reprodução do Machismo                22 -23
Como mães e professoras, as mulheres muitas vezes reproduzem o machismo e as idéias dominantes na sociedade, que\ pregam a suposta inferioridade das mulheres em relação aos homens

Essas ideias são repetidas na família, na escola, nas igrejas, nos meios de comunicação. E não é de estranhar que muitas mulheres se convençam delas.

Mulheres que pensam [e agem diferente] a tentativa de ridicularizá-las e diminuir a importância do que estão dizendo.


Meios de Comunicação                                23 – 24.
Televisão, rádio, jornais e revistas.
Posicionamento de maneira contraditória:
- as vezes colocam programas que abordam problemas de interesse das mulheres
- outras vezes, nas novelas, nos programas de humor tratam as mulheres de formas estereotipadas
- revistas femininas abordam assuntos estereotipados – moda, beleza, culinária, decoração, como cuidar dos filhos, como agarrar, agradar e conservar o seu homem
- revistas masculinas – transforma as mulheres em objeto sexual
- jornais – as mulheres quase não aparecem na primeira pagina dos jornais. As poucas que aparecem neste espaço, quando falecem, quando são presas e em casos de escândalos.

MOVIMENTOS DE MULHERES

FEMINISMO
“[...] é um conjunto de ideias e práticas que visam superar as desigualdades entre homens e mulheres e acabar com as situações de\ opressão e exclusão9 das mulheres [...] 24
O feminismo é uma teoria política.

O movimento feminista foi percebendo que é preciso ter propostas para melhorar a vida das mulheres e que isso significa lutar por um mundo melhor para toadas e todos, sem perder a capacidade de\ responder às questões das mulheres.               29

O conceito de gênero foi elaborado por estudiosas da questão da mulher nas universidades e\apropriado pelos movimentos como um instrumento de analise e de organização. Q               29

O conceito de gênero veio responder à vários impasses e\ permitir analisar tanto as relações de gênero, quanto a construção da identidade de gênero em cada pessoa.                                30

É uma palavra para diferenciar a construção social do masculino e feminino do sexo biológico.

Coloca claramente o ser mulher e ser homem como uma construção social, a partir do que é estabelecido como feminino  e masculino e dos papeis sociais destinados  a cada um                          30

Gênero é um conceito relacional, ou seja, que vê um em relação ao outro e considera que estas relações são de poder e de hierarquia dos homens sobre as mulheres.

CONTRIBUIÇÕES DO CONCEITO DE GÊNERO  p31 - 32