Desigualdades de rendimento entre
brancos e negros cai no Brasil
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As diferenças entre os rendimentos
mensais entre negros e brancos diminuíram na última década, aponta o
Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, divulgado nesta
quarta-feira pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e
Estatísticas das Relações Raciais, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Segundo o estudo, em 2006, o
rendimento mensal médio dos homens brancos era de R$ 1.164,00, valor 98,5%
superior ao rendimento médio mensal de R$ 586,26 dos homens que se
classificam como "pretos" e "pardos" entre as opções
oferecidas pelo Censo do IBGE (as outras opções são "brancos",
"amarelos" e "indigenas").
Apesar da grande diferença
registrada, o número é inferior ao registrado em 1995, quando a diferença
salarial média entre homens brancos e negros era de 120,1%.
O relatório também aponta uma
diminuição nas desigualdades entre os rendimentos entre mulheres brancas e
negras, que caiu de 107,8% para 91,9%.
Quando analisados dados de ambos os
sexos, a assimetria entre os rendimentos médios mensais de brancos e negros
caiu de 113,9% para 93,3% entre 1995 e 2006.
Mesmo com a diminuição das
desigualdades nos rendimentos, segundo o estudo, brancos e negros brasileiros
têm diferenças sociais que fazem com que eles vivam como se estivessem em
países distintos.
Segundo o estudo, o IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano, criado pela ONU para aferir a qualidade de vida das
populações) de pretos e pardos no Brasil é de 0,753, comparável a países como
o Irã e o Paraguai, que são considerados pela ONU como países de médio
Desenvolvimento Humano.
Já os brancos brasileiros vivem em
condições que correspondem a um IDH de 0,838, comparável ao de Cuba,
considerado pelas Nações Unidas um país de alto Desenvolvimento Humano.
Atualmente, o Brasil como um todo tem
um IDH de 0,800 e é considerado pela ONU um país de alto Desenvolvimento
Humano. A escala do IDH vai de 0 a 1, sendo os países com índices mais
próximos de 1 aqueles que possuem maior nível de desenvolvimento humano.
Educação
O estudo também aponta que entre 2002
e 2006 houve um aumento no contingente de pessoas que se declaram
"pretas" ou "pardas" nas universidades brasileiras.
Houve no período um aumento de 31,4%
de negros matriculados em universidades públicas e de 124,5% em instituições
privadas.
No mesmo período, o número de brancos
em universidades públicas cresceu 17,4% e em faculdades particulares 31,1%.
Apesar da melhora, em 2006, um em
cada cinco brancos em idade esperada para ingressar no ensino superior estava
matriculada em universidades, enquanto 93,7% dos pretos e pardos na mesma
faixa etária estava fora do ensino superior.
A situação é melhor entre crianças
entre sete e 14 anos de idade, onde as desigualdades raciais no ensino
praticamente terminaram no período entre 1995 e 2006.
Nesta faixa de idade, a cobertura do
sistema de ensino passou de 94,6% para 98,8%, no caso de crianças brancas, e
de 88,2% para 97,7% no caso de crianças pretas ou pardas.
Tecnologia
Os brancos ainda são o grupo
populacional que possui mais acesso a tecnologias como computador, acesso à
internet e telefones celulares.
Em 2006, 30,8% dos domicílios cujo
chefe de família era branco possuíam computadores, 24,3% tinham acesso à
internet e 70,4% tinham telefones celulares.
Nos domicílios referenciados por
brancos ou pardos, apenas 12,2% tinha computadores, 8,3% tinham acesso à
internet e 55,8% tinham telefones celulares.
Violência
Os negros continuam sendo as maiores
vítimas da violência no país e a situação chegou a piorar no período entre
1999 e 2005.
Neste período, o peso relativo de
pretos ou pardos na população que morreu assassinada cresceu de 46% para
60,2%.
Entre 1999 e 2005, o número total de
homicídios em todo o país passou de cerca de 40,8 mil por ano para cerca de
45,7 mil pessoas. O número de homicídios de pretos ou pardos cresceu cerca de
46,3%, enquanto entre os brancos este número ficou praticamente estável.
População
O relatório indica que no período
entre 1995 e 2006, o peso relativo da população branca diminuiu. Em 1995, 55,
4% dos brasileiros se dizia branco, enquanto em 2006, 49,7% dizia ser desta
cor.
Já o número dos que se declararam
pretos ou pardos passou de 45% da população total para 49,5%.
Segundo a pesquisa, esta diferença se
deve em grande parte à mudanças na forma como as pessoas declaram sua cor,
além da redução nas assimetrias entre brancos e negros nos índices de
fecundidade, mortalidade infantil e esperança de vida ao nascer.
Representatividade
Apesar disso, os negros continuam
sub-representados no poder Legislativo federal.
No levantamento realizado pelos
pesquisadores, entre os 513 deputados federais eleitos em 2006, havia apenas
11 de raça ou cor preta, sendo 10 homens e uma mulher.
Como pardos foram identificados 35,
sendo 33 homens e duas mulheres. Em termos relativos, apenas 2,1% dos
deputados eleitos eram pretos e 6,8% pardos. Juntos, os dois grupos
representam 9% da Câmara.
No Senado a desigualdade é ainda
maior. Em 2007, 76 dos 81 senadores (93,8%) eram brancos, enquanto somente
quatro eram pardos e um preto, totalizando apenas 6,2% da casa.
O estudo trabalha com o sistema de
auto-classificação usado nas "principais pesquisas e registros
oficiais" brasileiros, "no qual o próprio entrevistado se
identifica dentro de um grupo fechado de opções": branco, preto, pardo,
amarelo e indígena. Mas analisa os dados de "pretos" e
"pardos" em conjunto, dentro da categoria "negros".
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FONTE
Disponivel em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/10/081015_brancos_negros_relatorio_cq.shtml
> . Acesso em: 21 nov. 2013.
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