DIMENSÃO CULTURAL DA
SALA DE AULA
BANDEIRA, Maria de Lourdes. Antropologia. Diversidade e Educação. Cuiabá:
Ed UFMT, 1995.
Resumo elaborado por Antônio Eustaquio de Moura/UNEMAT,campus de Cáceres
A passagem da vida familiar para a vida escolar é uma experiência
marcante para a grande maioria das crianças. 18
Na escola
Um meio 18
Com
referencias e valores diferenciados
Com focos
de significação dominantes
A criança vai se defrontar com um meio social mais amplo, nem
sempre iguais aos do seu meio social.
A escola vai implicar um desdobramento da consciência de si
nas relações com o meio mais amplo que ela enseja.
A sala de aula é um micro universo da sociedade 18 - 19
- os recortes das diversificações internas da sociedade vão
sendo percebidos e internalizados;
- a relação da criança com esse micro universo se dá, inicialmente,
pelo deslocamento dos significados do meio escolar;
- o professor é identificado com a autoridade e os colegas
são identificados como pares
- é um lugar de aprendizagem escolar e aprendizagem social;
O funcionamento da classe é social e culturalmente regulado 18 – 19
- a criança aprende a se comportar, discrimina as
expectativas do professor, dos pares, da própria família e se esforça para
responder a elas;
- dos processos de interação emergem novas regras;
- entre as regras aprendidas na escola e as do meio familiar
podem haver divergências, certas regras ora têm validade ora não;
- a criança enfrenta novas exigências e novos conflitos
Na interação que ocorre na escola, a criança apreende
intenções e cada vez mais os papeis e as representações das diferenças assumem
importância nos processos de discriminação
Para muitas crianças seus quadros de referencia e os de seus
pares apresentam, ou não uma dolorosa divergência com os quadros dominantes de referencia.
A sala de aula é um palco de conflitos de valores. As diferenças raciais, as diferenças de
origem regional ou de origem urbano-rural, enfim as diferenças étnico-culturais
configuram conflitos de valores de pertencimento, interferindo no
reconhecimento recíproco entre os colegas de classe, podendo assumir feição
limite de processos de rejeição, de discriminação. A criança é colocada face a face com uma
imagem que o espelho desses processos reflete de si, distanciada e deformada em
relação à própria auto-imagem, levando-a a desejar ser diferente do que é, ou
seja, não ser o que é. 19
A sala de aula se define como um instrumento de hegemonia
cultural 19
Pressiona
os alunos em direção a aceitação [da cultura hegemônica]
A
manifestação de resistência (ativa ou passiva) é asfixiada
O aluno
[por algum motivo inferiorizado] aprende, a duras penas, a distância social entre ele e os outros
Na escola, a criança
pode ser sentir estimulada ou reprimida, livre ou oprimida
[As favorecidas pelas suas condições; as desfavorecidas
pelas suas condições]
[fazer ligação do o texto Pedagogia da Diferença de Marli
Andre]
Os quadros de referencia epistemológica entram em conflito. 19
O saber dos
alunos étnicos culturalmente diferenciados não lhes garante pontes para o saber
escolar que não os reconhece [o mesmo ocorre com os alunos do meio rural em
escolas urbanas ou que utilizam padrões urbanos]
A sala de aula além de foco de representações sociais dominantes
é foco de construção da representação conceitual cientifica do mundo [exemplo
predomínio do positivismo[AM1] ]
O positivismo, por exemplo, como forma de modelagem
conceitual confere um sentido de anterioridade da ordem, como atributo do
universo físico e social, encobrindo a sua qualidade de construção histórica
–social. 19 – 20
Exemplos de como em um livro didático aborda
As cidades 20 – 21
A zona
rural 21 – 22
a interligação
município,Estado e Pais 24
a
reprodução 25
a higiene e
a saúde 26 – 27
O livro didático não é o único vilão da educação escolar
Parte do problema da educação escolar é devido a cultura
da Escola.
CULTURA DA ESCOLA
Programas
Avaliação
Projeto pedagógico
Programas 27
Desempenham um papel crucial na Cultura da escola
São o suporte da educação escolar reduzida a um processo de
transmissão de conhecimentos, de conteúdos programáticos.
Não deixam claro que os temas listados nos programas são
objeto de diferentes abordagens sob o enfoque de diferentes orientações teóricas
A cultura da escola privilegia a aula em si
Avaliação 27
É uma questão interdita, objeto de tensões e inseguranças.
Não se construiu uma tradição escolar de avaliação
Projeto Pedagógico
È tradicionalmente definido pelo Estado, pela Igreja
(escolas confessionais), pelas empresas (escolas privadas)
Projeto Pedagógico 27
- 28
Primeiro
projeto
Difusão
do ensino elementar
Preparação
para o trabalho
Essa
proposta foi recusada pelo Governo Colonial, pois o mesmo recusava em pensar em
uma educação publica, isto é, destinada a coletividade ao povo
Influencia
positivista – á partir do final do século XlX 28
Incultou
uma visão linear de progresso, garantido pela ordem
Atribuía à
ordem o sentido de obediência
Criada pela
Constituição republicana 28
Orientada
no sentido de significar as duas pontas do sistema: a escola primaria e a
escola superior (faculdades e universidades)
O ensino de
segundo grau configurou-se como uma espécie de limbo
A escola, como instituição da cultura para transmissão da cultura,
desenvolveu-se como expressão da cultura da submissão e da opressão [...] 28
Educação sob a ótica dos pioneiros da
Educação Nova 29
Democratização
do ensino tendo como base a obrigatoriedade
Gratuidade
Laicidade
Composição
mista das classes
Profissionalização
A superação da dimensão cultural tradicionalista do caráter elitizante
da sala de aula e da educação escolar ainda é um processo em curso, bem longe
de estar concluído.
A permanência do
caráter elitizante se expressa na aula improvisada, na falta de identidade da
escola, na inexistência de um projeto pedagógico próprio fundado nas raízes
culturais de seus alunos, na valorização do ornamento e da aparência, numa
pratica educativa de ensaio e erro, exercitada sobre o vazio. Enfim, o caráter elitizante da sala de aula
se expressa cotidianamente num ensino de fachada, num ensino circular que se
repete indefinidamente, um ensino retórico sem vinculações com a pratica, um
ensino atomizado sem
[AM1]Positivismo-
doutrina de Auguste Comte caracterizada pela orientação antimetafisica e
antiteologica. Preconizava como valido unicamente à admissão de conhecimentos
baseados em fatos e dados da experiência.
No Social a valorização da ordem, o respeito às
instituições e hierarquias
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